Multi pertransibunt et augebitur scientia (Muitos passarão, e o conhecimento aumentará).

sexta-feira, 13 de maio de 2011

PRECISAMOS DE MAIS OBJETIVIDADE



Por Mario Sales, FRC.:,S.:I.:,M.:M.:


Algumas pessoas tem náuseas ao ouvir a palavra Disciplina.
Quanto mais se vier acompanhada da palavra Ordem.
No estudo místico rosacruciano de AMORC, ou no Martinismo e mesmo na Maçonaria, organizar-se e seguir um programa de estudos é extremamente necessário.
No Martinismo e na Maçonaria é preciso organização para que possamos acumular um enorme número de informações, algumas pouco práticas, de natureza mais histórica; outras de utilidade na consecução de uma espiritualidade mais robusta. No Martinismo, por exemplo, pelo estudo de textos espiritualistas fortalecemos a prática da mais importante técnica teúrgica de todos os tempos: a prece.
No estudo das monografias de AMORC, no entanto, a organização no estudo, que conhecemos pela expressão SISTEMA E ORDEM, é muito mais crucial, já que existem dezenas de técnicas que precisam ser compreendidas e praticadas de maneira constante para que sejam dominadas em toda a sua extensão.




E isto demanda tempo, disciplina e cuidado.
Numa palavra: perseverança.
Só persevera quem tem noção clara de objetivos e que, por isso, pode dividir a caminhada em trechos, dedicando-se a cada trecho separadamente, concentrado-se em um aspecto do problema de cada vez.
O conhecimento sólido é o conhecimento cumulativo, aquele que se granjeia ao longo dos anos e se consolida graças a prática e a repetição.
Por isso os textos de AMORC são às vezes repetitivos se bem que apresentem o mesmo assunto de modos diferentes em instantes diferentes da vida do estudante rosacruz.




Técnicas rosacruzes, e este foi o nome que aprendi durante minha formação, são instrumentos para melhorar a qualidade de vida de quem as utiliza e devem ser manipuladas com a habilidade de quem as experimentou repetidas vezes e sabe de sua eficácia.
Precisam ser testadas e testadas e depois de dominadas, utilizadas repetidas vezes de forma a que sejam não o último recurso a que recorramos diante de uma demanda da existência, mas o primeiro instrumento que lancemos mão, uma vez que diagnostiquemos sua adequação ao problema.
Isto porque existem momentos em que a técnica mística não se faz necessária. Basta a nossa inteligência, nossa capacidade de trabalho e intelecto combinados para enfrentar a maioria das vicissitudes da vida.
Existirão, no entanto, situações mais difíceis onde a técnica diferenciada dos ensinamentos rosacruzes será extremamente vantajosa.Como também em casos não tão graves quanto arranjar uma vaga em um estacionamento de shopping particularmente cheio em alguns segundos, algo que parece banal, mas que é perfeitamente adequado à aplicação da visualização criativa.




O que importa, enfim, é não estudarmos o rosacrucianismo como um conhecimento meramente teórico.
Nenhuma Ordem Esotérica que eu conheça tem maior prazer e dedicação aos estudos teóricos do que a Rosacruz, só que sempre este conhecimento estará atrelado ao desenvolvimento de uma mudança de caráter e compreensão fundamental a aplicação de técnicas objetivas ao cotidiano.
Se a Maçonaria procura intervir no social para melhorar a homem, o rosacrucianismo procura modificar o homem para que este intervenha neste social.
Todo pensamento e prática rosacruciana é, nesse sentido, humanista e centrada no homem, no indivíduo.  
E uma das condições mais importantes para o desenvolvimento de uma personalidade sólida, pronta para os desafios da existência, é a disciplina, sistema e ordem na vida e no acúmulo de informações e habilidades.
Para isto é fundamental objetividade. Muita objetividade.Tem que estar claro para o estudante que habilidades ele deseja desenvolver durante a sua afiliação, e concentrar-se nisso, já que saber tudo e dominar todo o Universo do conhecimento Esotérico é praticamente impossível.
Tenho notado que bons rosacruzes embora dominem satisfatoriamente várias técnicas, tendem a se especializar em algumas delas, as quais, por motivos kármicos, executam com maior destreza.  Existe pois uma especilaização natural entre os mpisticos rosacrucianos.
Fico muito preocupado quando converso com um frater ou uma sóror no qual diviso uma fascinação e um encantamento com assuntos esotéricos vagos e imprecisos.
Principalmente se esse frater ou esta sóror tem já alguns anos de Ordem.
Na sua falta de clareza de objetivos, na sua falta, portanto, de objetividade, antecipo que fará pouco progresso como místico ou como esoterista.
Não que na minha opinião o estudante rosacruz não deva se comportar como um enciclopedista e ter interesse em várias áreas do conhecimento esotérico. O que me preocupa é quando este conjunto de informações não parece trazer uma melhoria real a sua qualidade de vida, transformando-se em um peso a mais em sua existência, uma erudição inútil e pedante e não uma alavanca para desfazer os obstáculos que, eventualmente, todos enfrentamos.
É preciso usar as monografias de forma exaustiva, usando-as como bússola e programa de estudos, recorrendo a outras leituras apenas no intuito de enriquecer o que está ali delineado.
É preciso ter um rumo e um método definidos no estudo das coisas esotéricas. Assuntos muito subjetivos  devem ser estudados com muito cuidado e diligência.
É preciso, enfim, ter muita objetividade no estudo de assuntos subjetivos de forma que ao entrar em um terreno instável como este das habilidades esotéricas da mente nos comportemos do modo mais científico possível, e não nos tornemos presas das areias movediças do mundo mental.

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