Por Mario Sales, FRC.:,S.:I.:,M.:M.:
Schopenhauer aos 27 anos
Quem achou o meu último ensaio, desta minha fase espinosana como diz Reginaldo, mais ontológico do que lógico, na defesa de Spinoza das objeções de Kant, de certa forma está certo.
Só que precisamos lembrar de um livro precioso, o apêndice de “O Mundo como Vontade e Representação”, a obra de Schopenhauer, aonde ele faz, depois de um enorme arrazoado de desculpas, críticas ao solitário mestre da Razão Pura.
O Mundo como Vontade e Representação
Ao falar que Spinoza é o filósofo da paixão e do desejo enquanto Kant, por natureza, jamais poderia sê-lo, lembrava deste comentário espinosano de Schopenhauer, em que ele lembra que existe sim uma forma de perceber a coisa-em-si.
Para ele a coisa-em-si é incognoscível sim, mas experienciável, não através da mente, mas da autopercepção, dos sinais de nós mesmos que nos chegam através da vivência da força da vida em nós, que ele chamou Vontade, em suma, das informações que vem de dentro. Neste momento ele se comporta e pensa como um hinduísta: o mundo fora de nós, como o conhecemos, é uma Ilusão (Maya) e a verdade está na busca interior, que de forma indescritível, mas perceptível nos transforma; um enfoque mais orientalista do que este é impossível.
Deusa Maya, a Ilusão
O que há de estranho em Spinoza (como de resto em Schopenhauer) é sua identificação com uma linha de interpretação do mundo que pode ser revolucionária para este lado do planeta, mas que é bastante compreensível no outro lado, intolerável para o judaísmo da época, por razões tanto religiosas como sociológicas, mas em acordo com a doutrina cabalística, o misticismo judeu.
É bom ter estes fatos em mente antes de criticar este pobre místico do interior por sua paixão ao defender (desvario supor que Spinoza precise disso) a integridade do pensamento espinosano das restrições que lhe reserva Kant.
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