https://www.rosicrucian.org/rosicrucian-digest-kabbalah video
UM EXERCÍCIO SOLITÁRIO, POÉTICO E FILOSÓFICO, BASEADO NO PRECEITO ROSACRUZ DA MAIS COMPLETA LIBERDADE (POSSÍVEL) DENTRO DA MAIS PERFEITA TOLERÂNCIA (POSSÍVEL). O MARTINISMO E O ROSACRUCIANISMO COMO REFLEXÃO.
Multi pertransibunt et augebitur scientia (Muitos passarão, e o conhecimento aumentará).
terça-feira, 25 de agosto de 2015
terça-feira, 18 de agosto de 2015
ESPERA
Mario Sales
Quai de Tournelle com Notre Dame ao fundo
Mergulhado no
“Silencio de Deus” e aguardando seus desígnios, ouço Erick Satie e permito que
suas notas fortes e minimalistas façam em mim uma acupuntura sonora em meus
ouvidos, mobilizando minhas energias, meu Ki, meu Nous, meu Orgon.
Minha existência
depende agora das doses de Satie em minha alma, 3 x ao dia, com ou sem um
pedaço de chocolate dietético. A música de um rosacruz feita para outros Rosacruzes,
plena de intensidade e vigor chopiniano.
Quando ouço
as Gnossiennes, que estranho, é o rosto de Gurdieff que me vem à mente, não o de
Satie ou mesmo de Debussy, nosso irmão de fraternidade na comunidade de Paris
do fim do XIX, início do XX.
Ponte de Archeveche, hoje
Nessa época
também, Papus caminha, elegante, pelos boulevard, senta e toma um copo de vinho
enquanto espera a hora de se encontrar com o Marquês de Guaita.
Paris é a
capital do esoterismo, como da arte.
Consigo me
transportar para a mente deste médico peculiar enquanto contempla os
transeuntes em suas vestes exuberantes, passeando às margens do Sena, em uma
tarde de outono onde as folhas que caem já são um espetáculo à parte.
São os sons
dos cavalos que passam puxando carruagens, em um transito que nada fica a dever
ao de agora, na margem esquerda, andando a esmo pela Quai de Tournelle, Rue de
Poissy, a Pontoise e a Bernadins, até achar a ponte de La Archeveche, olhando
as barracas de livros do muro do rio, folheando alguns, algo indiferente, na
expectativa de grandes descobertas de antigos textos menosprezados por outros
menos cônscios da importância de livros preciosos pelos quais ninguém, a não
ser alguns poucos, se interessam.
Uma
caminhada pela pequena ponte, com sua elegante bengala, até a área de Notre
Dame.
Mais um
café. E a música de Chopin agora a fazer o fundo, os Noturnos.
Paris e
Suzano se fundem.
E aí eu
penso: como a imaginação é preciosa; ó meu Deus, como é preciosa.
O SILÊNCIO DE DEUS
Mario Sales
Vejo com curiosidade a expressão “falar com Deus”, figura de linguagem muito em voga entre religiosos e místicos.
Perceber esta conexão com o Altíssimo através de uma sensação psicológica de bem estar ou por uma profunda paz que nos envolva pode ser sim sinal de que conseguimos penetrar em esferas mais altas, no plano de Yetzirah, o mundo dos Anjos, pelo menos.
Nos momentos de angustia, no entanto, a percepção desta conexão com Deus passa pelos acontecimentos, pelos resultados de nossas preces, pela modificação de situações angustiantes por outras que sejam mais agradáveis.
Alguns períodos de dificuldade são mais demorados que outros e esta conexão, muitas vezes, é percebida de maneira unilateral.
Procuramos o contato com o Alto por falta de esperança ou de alternativas no mundo material, mas em vigência de problemas de ordem material, antes de qualquer sensação espiritual ou psicológica íntima, precisamos de resultados, sinais de que o nosso sofrimento está sendo mitigado, e sem querer com isso afirmar que só intervenções visíveis e claras da providência divina são as que importam, já que cada fase tem seu tempo, sua dinâmica própria, esperamos sim que com a prece algo ocorra que reflita que nossas preces foram ouvidas.
E muitas vezes, nada ocorre.
É o que eu chamo de “O Silêncio de Deus”.
Os acontecimentos se sucedem, os dias passam, e a nós, que estamos em meio a uma provação resta a paciência e a fé, já que a resposta não vem.
Que fazer nestes momentos? Continuamos a orar em busca ao menos de resignação e tolerância, ou pela inspiração do sentido daquelas situações, mas isto, diante do “Silêncio”, é às vezes, insuficiente.
Talvez sejam reflexões unicamente pessoais, talvez outros me julguem excessivamente exigente, talvez se satisfaçam com menos que isso, mas minha fantasia é de que tenho com Deus uma relação pessoal, e que sim, de um amigo como esse, se eu fizer alguma pergunta, eu espero respostas, porque o Altíssimo não é um interlocutor comum, mas sim um companheiro Onisciente, Onipotente.
Esta Shekinah, esta Divina Presença em mim, conhece o mais fundo da minha alma, e na minha concepção, me protege e suporta, me aconselha e orienta todo o tempo.
A hipótese de que a surdez espiritual seja minha não foi afastada, e em nossa insignificância diante de Deus Todo Poderoso, é a mais provável. Só que em minha limitação psicológica e mística, a impressão de que todas as minhas preces, todos os meus pleitos, entram no Ain Sof e não ecoam em respostas é forte.
É desta impressão que falo, é esta sensação, mesmo que falsa, que descrevo.
Porque não vivemos em uma realidade, mas em um contexto que consideramos real, somatório de nossa compreensão e de nossa capacidade de percepção do mundo ao nosso redor.
Esta é a minha Maya, e nela é que experimento estas inseguranças, esta dúvidas e incertezas.
E considerando todas as minhas limitações, esta Ilusão é o que eu chamo de Realidade.
domingo, 16 de agosto de 2015
ESOTERISMO E MATURIDADE EMOCIONAL
por Mario Sales
É este “pensamento mágico” que afasta o Iniciado da Verdadeira Magia. É esta falta de critério ao lidar com o mundo e, principalmente, consigo mesmo, que leva as pessoas a serem vítimas de eventos ditos inesperados, mas que são, antes de qualquer coisa, consequências da imprudência.
É preciso olhar a história dos Místicos e do Misticismo para entender que não é assim, e que toda essa crença de indestrutibilidade e esse complexo de super-homens que afeta muitos místicos e esoteristas só tem uma única razão: imaturidade psicológica.
Trecho do ensaio “O 3° DEGRAU”
Quando comentei neste trecho sobre a “história dos
místicos e do Misticismo” eu pensava no destino triste de John Dee, vítima de um
charlatão que abrigou como se fosse um amigo, e no final da vida, do Chanceler
Francis Bacon, preso por quatro dias na Torre de Londres, acusado de ter
cometido um crime ao fazer algo que todos faziam em sua época, e de como aceitou
estoicamente este problema, aparentemente de modo digno.
Digo sobre Bacon, aparentemente, porque não tenho e
acredito que ninguém tenha, relatos confiáveis sobre seu estado de ânimo nos
quatro dias que passou na prisão. Detalhes sobre seu estado emocional, sua
maneira de encarar os rigores e as limitações de nunca mais poder exercer um
cargo público são desconhecidos, mas decerto não foram dias de alegria, tendo
sido como foi um nobre e um homem de importância na estrutura do estado inglês.
Citei ambos, Dee e Bacon, porque ambos sofreram já em
idade avançada, graves problemas pessoais, psicológicos e jurídicos, mas eu
poderia aumentar a lista de místicos classificados como importantes que também
tiveram sua cota de sacrifício e dor. E eu me concentrarei naqueles que não
tinham ligações com organizações religiosas que ao longo do tempo
especializaram-se em fazer dos sofrimentos de seus mártires, propaganda de seus
dogmas e valores, num verdadeiro culto da dor como algo que, em sua
perspectiva, reforça a ideia de santidade.
Não. Ficarei com aqueles mais discretos, esoteristas e
místicos não religiosos.
Nesta lista entram o Conde de Cagliostro, também
falecido na prisão do Castelo de São Leo; Lavoisier, rosacruz decapitado durante a
Revolução Francesa; ou Hipatia de Alexandria, neoplatonista, filosofa e astrônoma
no Egito Romano, ultima diretora da Biblioteca, morta por fanáticos religiosos
cristãos a mando do Bispo Cirilo, depois canonizado pela Igreja.
Ao que parece uma vida dedicada ao conhecimento não é
garantia de serenidade ou de paz na velhice ou mesmo em qualquer fase da
existência.
Não é isto, no entanto, que o “pensamento mágico”
propaga. Ele cria a distorção de percepção de que o conhecimento esotérico nos
defende dos problemas cotidianos, doenças, transtornos sociais e jurídicos.
Lembro-me que Spencer Lewis teve que, várias vezes,
responder em juízo a acusações variadas, fruto da inveja e da ignorância acerca
da importância de seu trabalho.
Até hoje (veja-se como exemplo um texto tendencioso cujo
título é “Os Rosacruzes, esses Invisíveis” de um erudito inglês, que acusa
Lewis de ser apenas um publicitário enganador) ele é alvo de ataques descabidos,
considerando o resultado de seu trabalho e a força da AMORC no século XXI. Seu
bom senso e prudência nunca fizeram dele alguém famoso. Ganha mais destaque na mídia
mundana aqueles que abraçam causas extremistas, os quais são mais fáceis de
vender como imagens, sejam como exemplo da perversão mais completa ou da
santidade mais artificial.
A imprensa mundana não conhece o meio termo, o equilíbrio.
Afinal isto não vende revista.
Só que meu foco não é este. Minha preocupação é
discutir nossa fragilidade como seres humanos, nós, os místicos, junto com nossas fantasias de fortaleza.
Não há Magia ou Poder que nos proteja de nosso Karma,
se este Karma for algo não muito agradável.
Vidas como a de Isaac Newton, cientista inglês e
rosacruz, dedicado que foi em toda a sua existência ao conhecimento e a
ciência, que conheceu glória e fama em vida, e ao que se sabe jamais passou por
problemas pessoais muito importantes, são raras.
O próprio ato de dedicar-se ao Misticismo traz algumas
consequências óbvias a quem o faz. Primeiro, transforma a maneira deste
indivíduo de ver o mundo a sua volta. Sua consciência e crença na existência de
um plano diretor por trás de todas as coisas faz com que ele procure causas
aonde alguns vêem apenas acaso.
E se essas causas não são claras ou aparentes sua
angústia por sua própria ignorância aumenta.
A dor sem sentido dói muito mais.
O que verdadeiramente nos aflige não é o sofrimento,
mas o sofrimento sem um significado claro, aparentemente ligado ao que os
profanos chamam de “falta de sorte”, algo que a maioria dos místicos,
ingenuamente, supõem estarem protegidos por suas crenças.
Neste ponto, místicos e religiosos são parecidos.
Vêem a relação com as forças espirituais do Universo
como uma troca, em que o crente oferece sua devoção e suas preces e estas
forças, sejam Anjos, Mestres Cósmicos ou o próprio Deus Vivo devolvem sua
proteção contra as mazelas da existência cotidiana.
Esta atitude está presenta no salmo 91 ou 92 em
algumas Bíblias, aonde a prece estabelece, magicamente, que esta proteção
estará lá, desde que o crente se mantenha firme em sua fé.
O problema, entretanto, está exatamente nesta Fortaleza
moral que, embora indiscutivelmente nobre, pressupõe um caráter cada vez mais
raro entre os seres humanos, fragilizados pela pulverização dos valores nesta
época pós-moderna, ou como diria Zygmunt Bauman, nesta sociedade “líquida”, que
de maneira vertiginosa escapa de nossas mãos e sobre a qual não temos nenhum
controle.
Aliás, controle é a palavra-chave.
O que o místico imaturo, travestido de mago
contemporâneo, deseja, antes de tudo, é controle sobre os acontecimentos: em
uma palavra, previsibilidade.
E o que existe de fato é esta imprevisibilidade inerente à existência a qual talvez seja uma das expressões mais notáveis da fragilidade humana.
Marcelo Gleiser em seu último texto em português, “A Ilha
do Conhecimento”, relembra:
“...não é de todo surpreendente que a regularidade é costumeiramente
associada ao bem e a irregularidade ao mal: com isso, os fenômenos naturais
ganham uma dimensão moral que, através da divinização da natureza, (no passado) refletia
diretamente a ação de deuses intangíveis”
E continua: “ A repetição acalma e conforta. ”
Embora nós, místicos, se temos uma situação social e psicológica
estável, oremos pela manutenção do nosso "Status Quo" à Deus, a única coisa que
podemos ter certeza na vida é de que tudo passa e se modifica.
É essa a lição do Budismo mais importante: a impermanência.
É essa a lição do Budismo mais importante: a impermanência.
Relacionamentos, situações e até a própria existência
física escapam de nós como água entre os dedos.
E se, mesmo o homem Deus conheceu a humilhação, a dor
e a Morte, mesmo que em apenas 3 dias dos seus 33 anos de vida física, nenhum
de nós pode supor que nossa existência está magicamente protegida da desdita e
das dificuldades.
Existem situações que desafiam a mais elaborada
preparação. E aí precisamos mais do que tudo de resiliência, este conceito tão
em voga, de ser capaz de suportar as agruras da existência com elegância e equilíbrio, o substituto atual de uma
antiga palavra e virtude, a fleugma.
Dificilmente hoje em dia encontramos pessoa de caráter
fleugmático, elegante, resiliente.
Não se espera que o indivíduo fleugmático sofra menos
que aquele que não o é, mas sua demonstração e suas reações são diferentes.
Embora a tentação seja grande ele não se desespera,
porque sabe que isto em nada o auxiliará. Não tem a coragem dos Heróis
míticos, apenas a serenidade das pessoas de bem, e suporta seu destino com a
resignação das pessoas dignas, sem se acomodar aos problemas e, mesmo aceitando
sua situação interiormente, luta com todas as suas forças para superar seus
problemas.
O homem ou a mulher fleumática não são, portanto,
pessoas ideais, mas apenas seres humanos mais raros, que não se vitimizam, que não
aceitam a pecha de mais sofredores, já que todos nós, que estamos vivos, temos
problemas a resolver.
E até Newton deve ter tido os seus, dos quais,
historicamente, não fomo informados.
A força dos místicos está no seu comprometimento com
valores e posturas dignas que não são privilégio ou prerrogativas de um
místico, mas de qualquer ser humano digno, iniciado ou não.
Como dizia uma velha amiga, existem aqueles que foram
autorizados pelo Alto, e não pelos homens, que já trazem uma bagagem espiritual
que os diferencia nesta encarnação antes mesmo que vivam suas vidas atuais.
A maioria dos Místicos não conseguem acreditar em sua
própria força interior porque nunca a conheceram e, quando são iniciados, não
conseguem perceber a importância e a força das promessas que a iniciação lança
sobre suas existências, porque esta força lhes é psicologicamente estranha.
Mesmo que as palavras sejam ditas, no ritual, não as escutam, porque seus ouvidos não estão prontos para ouvir, nem vêem as possibilidades que lhes são mostradas, porque não estão prontos para ver.
Mesmo que as palavras sejam ditas, no ritual, não as escutam, porque seus ouvidos não estão prontos para ouvir, nem vêem as possibilidades que lhes são mostradas, porque não estão prontos para ver.
A iniciação não transforma todas as pessoas, só aquelas
que estão prontas para serem transformadas.
Na grande maioria dos casos ser iniciado representa apenas mais um passo, mais um degrau
na escada de ascensão deste indivíduo, não à um nível de percepção mística
melhor, mais à um patamar psicológico de maior maturidade e autoconfiança.
Autoconfiança que não vem da experiência mística ou da
prática mística, mas de um amadurecimento interior moral e mental. É esta autoconfiança
que melhora a prática mística, e não ao contrário, se bem que ambos os aspectos
interajam. Como disse em um ensaio anterior, a iniciação é um tipo de
psicoterapia esotérica, assim como a psicoterapia é uma espécie de iniciação
profana.
Ambas visam a transformação do indivíduo por abordagens
emocionais de suas personalidades.
A vida, difícil e instável como é, demanda este
conhecimento e este diferencial.
A maturidade emocional, traz resiliência e aceitação.
Só ela nos protege contra a revolta e o desespero e
garante alguma serenidade a nossas existências.
A maturidade não é uma consequência do conhecimento
esotérico do Mago. Ela é o verdadeiro diferencial de qualidade da Magia e do
Mago em si.
quinta-feira, 13 de agosto de 2015
O 3° DEGRAU
por
Mario Sales
Em
08/07/2015, às 21:36, Marco escreveu:
Ano
R+C 3368 - 8 de agosto
Queridos
Fratres e Sorores
Desculpem
enviar este e-mail sem suas autorizações, mas o que me leva a tal ousadia é
compartilhar fraternalmente um artigo que chegou em minhas mãos sobre a Pineal
e que achei interessante.
Nosso
ímpeto Rosacruz de sempre investigar me fez repassar a vocês. Caso o frater ou
a sóror queira receber de vez em quando alguma peça para aprimorar nossos estudos,
que por ventura caia em minhas mãos, terei o prazer de repassar. Para não
importunar ninguém repassarei, daqui em diante, somente aos que responderem
este e-mail, manifestando tal desejo.
Na
esperança de ter colaborado com mais um tijolinho na árdua tarefa de erguer
nosso templo de conhecimento, sou grato e desejo a todos os mais sinceros e
fraternais votos de Paz Profunda.
O
link para o artigo:
http://www.hierophant.com.br/arcano/posts/view/Alexandre/1828
Em
8 de julho de 2015 22:11, Mario Sales
escreveu:
Minha
posição: eu não tinha lido o artigo mas já havia visto chamadas para ele.
Primeiro: que triângulo é esse, pineal e tímpanos? Não conheço tal estrutura
neurológica. Segundo, quanto ao zumbido, não é, ao que eu saiba, sinal de
trabalho da pineal, mas sim uma doença inflamatória, não letal, mas que
prejudica em muito a qualidade de vida de quem a manifesta. Este artigo, ao que
me parece, não tem embasamento, já que não cita as fontes de onde tirou suas
conclusões.
Devemos
encarar estes textos pseudo científicos com prudência, um dos degraus da escada
de Rá.
Pp
Mario
Enviado
via iPad by Mário Sales
Como
Rosacruz e místico acredito que devemos mergulhar na investigação, nem todo o
conhecimento é abalizado pela ciência, muito conhecimento testado e
experimentado por mim, adquirido na fonte Rosacruz não traz uma chancela
científica, um bom exemplo é a projeção psíquica. O pensamento científico
acadêmico nega esta possibilidade, se for conversar com qualquer cientista este
provavelmente vai me cobrar: ...onde foi publicado? Em qual revista científica?
etc. Mas basta um frater ou sóror mergulhar com dedicação neste campo que vai
se surpreender. É bem verdade que nossos corpos devem estar preparados para
esta empreitada. Um corpo físico bem alimentado com alimentos próprios para uma
boa nutrição física e energética (magnética), bem hidratado, ativo através da
movimentação (exercício), que faz a troca de gases e nous de maneira adequada
através de uma respiração consciente e profunda vai ser requisito primordial
para esta experiência. Somado a um corpo psíquico nutrido por uma energia
pensamento de boa qualidade harmônica e uma personalidade alma imbuída nos
valores de evolução espiritual farão desta experiência uma estarrecedora
surpresa. Mas se houvesse submetido o conhecimento da projeção psíquica
previamente ao pensamento científico não teria descortinado esta aventura em
meu ser, porque questionado da fonte científica não temos como credita-lo. Como
místico Rosacruz estou aberto a novas descobertas, mesmo aquelas que possam
parecer para os olhos da ciência coisa estranha e não contem com o crédito
desta.
O artigo em discussão me parece muito
interessante. Até a triangulação dos ouvidos com a pineal é de fácil observação
e bem possível de ter ligação extra-física. Claro que um zumbido no ouvido pode
ser um problema auditivo merecedor da investigação de um profissional médico.
Mas talvez alguns percebam um zumbido diferente..."existem zumbidos e
zumbidos" Bem fica a dica para não deixarmos de investigar o que nos chama
a atenção como buscadores.
Com
os mais valiosos votos de Paz Profunda sou fraternalmente grato pela paciência
de todos.
Abçs.
Marco ॐ
Serra de Macaé | RJ
Nós, rosacruzes, somos herdeiros de nossos melhores cientistas e pensadores. Neste particular, é hábito consolidado falarmos nos mestres cósmicos, KH, Morya, Saint Germain, como nossos ancestrais mais importantes. A vida, no entanto, desenrola-se em dois planos: o espiritual e o material.
As contribuições de mestres cósmicos à existência têm importância semelhante à de, assim chamados, homens comuns, que modificaram com seu trabalho e capacidade de organização do conhecimento, o modo de encarar a vida e de se obter conhecimento confiável.
Entre estes, temos dois Bacon’s: Roger e Francis; o primeiro, padre, não rosacruz, nascido em Ilchester, Somerset, século XIII, em 1214 e falecido em Oxford, em 1294. O segundo, Francis Bacon, Conde de Verulamio, rosacruz e imperator da Ordem no século XVII, chanceler inglês, viveu de 22 de janeiro de 1561 (Londres) até 9 de abril de 1626 (também em Londres).
Foi com o trabalho de Roger Bacon que se popularizou a expressão “leis da natureza”, no século XIII. Foi também um defensor apaixonado em seus textos, da observação sistemática dos fenômenos naturais como busca de fundamentos do conhecimento natural[1].
Francis Bacon, na mesma linha, trabalhou o problema da qualificação das observações, com a meta ambiciosa de promover uma “Grande Restauração” (Instauratio Magna), como ele denominava, no pensamento filosófico. Sua intenção era estabelecer critérios que garantissem que as interpretações extraídas da observação não fossem contaminadas pela subjetividade do observador, projeto que era comum a todos os pensadores que colaboraram na elaboração do que hoje se chama “Método científico”. Para Bacon, rosacruz e filósofo, “a filosofia verdadeira não é apenas a ciência das coisas divinas e humanas. É também algo prático. Saber é poder. A mentalidade científica somente será alcançada pelo expurgo de uma série de preconceitos, chamados por Bacon “ídolos””.[2]
Cito a descrição dos ídolos feita por Bacon, dada a sua importância na construção da mentalidade contemporânea:
“No que se refere ao Novum Organum, Bacon preocupou-se inicialmente com a análise de falsas noções (ídolos) que se revelam responsáveis pelos erros cometidos pela ciência ou pelos homens que dizem fazer ciência. É um dos aspectos mais fascinantes e de interesse permanente na filosofia de Bacon. Esses ídolos foram classificados em quatro grupos:
1) Idola Tribus (ídolos da tribo): Ocorrem por conta das deficiências do próprio espírito humano e se revelam pela facilidade com que generalizamos com base nos casos favoráveis, omitindo os desfavoráveis. O homem, supondo-se o padrão das coisas, faz com que todas as percepções dos sentidos e da mente sejam tomadas como verdade, sendo que pertencem apenas ao homem e não ao universo. (Bacon) dizia que a mente se desfigura da realidade. São assim chamados (ídolos da tribo) porque são inerentes à natureza humana, à própria tribo ou raça humana.
2) Idola Specus (ídolos da caverna): De acordo com Bacon, cada pessoa possui sua própria caverna, que interpreta e distorce a luz particular, à qual estão acostumados. Isso quer dizer que, da mesma maneira (como no Mito da Caverna) presente na obra 'República' de Platão, os indivíduos, cada um, possui a sua crença, sua verdade particular, tida como única e indiscutível. Portanto, os ídolos da caverna perturbam o conhecimento, uma vez que mantêm o homem preso em preconceitos e singularidades.
3) Idola Fori (ídolos do foro): Segundo Bacon, os ídolos do foro são os mais perturbadores, já que estes alojam-se no intelecto graças ao pacto de palavras e de nomes. Para os teóricos matemáticos um modo de restaurar a ordem seria através das definições. Porém de acordo com a teoria baconiana, nem mesmo as definições poderiam remediar totalmente esse mal, tratando-se de coisas materiais e naturais posto que as próprias definições constam de palavras e as palavras engendram palavras. Percebe-se, portanto, que as palavras possuem certo grau de distorção e erro, sendo que umas possuem maior distorção e erro que outras.
4) Idola Theatri (ídolos do teatro): Os ídolos do teatro têm suas causas nos sistemas filosóficos e em regras falseadas de demonstrações. Os falsos conceitos são as ideologias, essas são produzidas por engendramentos filosóficos, teológicos, políticos e científicos, todos ilusórios. Os ídolos do teatro, para Bacon, eram os mais perigosos, porque, em sua época, predominava o princípio da autoridade – os livros da antiguidade e os livros sagrados eram considerados a fonte de todo o conhecimento."[3]
Tanto os Idola Specus, aqueles ligados as nossas convicções pessoais, quando os Idola Theatri, ligados as ideologias que abraçamos como base de nosso comportamento mental e critério de avaliação da verdade, são lentes através das quais olhamos o mundo. Se essas lentes forem (como são) coloridas, darão uma cor e um matiz diferente aquilo que contemplamos.
É preciso deixar claro que não é possível olhar para a realidade sem ser através de lentes. O que podemos fazer, em busca de um pensamento mais científico, é reconhecer com humildade a existência destas lentes e procurar evitar que estas possam ser mais importantes que as evidências que testemunhamos na experiência.
Francis Bacon, como rosacruz e como pensador dos métodos e critérios para estabelecimento do que chamamos conhecimento de certeza, (ou Epistéme, em grego) tinha como objetivo melhorar a qualidade do pensamento daqueles que buscassem com sinceridade uma visão mais clara e confiável do mundo material. E aqui devemos colocar, também de outros mundos, como o espiritual. Se além de possível é também freqüente, interpretarmos, de forma equivocada, fatos do mundo material, imagine-se então a dificuldade de avaliarmos experiências em um ambiente tão vago e impreciso como o mundo mental ou espiritual.
Muitas vezes vejo místicos sinceros praticarem o pecado do orgulho, supondo que sua sensibilidade e crenças o põem acima do bem e do mal, acima da ciência e dos cientistas e que, com certeza, somos nós, místicos que temos algo a ensinar aos cientistas e que, eles, cientistas, nada tem a nos dizer.
O rosacrucianismo de AMORC, encarnado no início do século passado por Harvey Spencer Lewis, sempre foi um misticismo aliado do pensamento científico e, hoje como no passado, o nome da rejeição sistemática dos critérios científicos na busca de confiabilidade em nossas experiências tem apenas um e o mesmo nome: obscurantismo.
Lembro-me da minha primeira e última experiência de projeção astral, ou pelo menos, de estado de consciência fora do corpo.
Foi um evento absolutamente consciente e racional, preparado que estava pela visão rosacruz de compreensão serena de fenômenos desta ordem. Acredito, aliás, firmemente, que a racionalidade com que encarei esta experiência em nada retirou da mesma seu aspecto de beleza, de descoberta e de esoterismo.
Durante os poucos momentos em que permaneci em projeção, andei pela casa em que estava, testei a permeabilidade através da matéria, a influência do pensamento no deslocamento espacial, comprovando que, no ambiente astral, “a velocidade perfeita é estar aqui”, como ensinava o mestre de Fernão Capelo Gaivota no famoso livro de Richard Bach.
Foi um experimento muito ilustrativo e esclarecedor, que até hoje guardo na memória como informação confiável.
Não foi uma experiência ideológica, mas transcorreu em perfeita serenidade e só lamento o fato de que não tenha mais se repetido, o que talvez evidencie um bloqueio de natureza emocional ou mesmo total falta de utilidade e necessidade nisto. Não sei.
Por isso defendo a importância de “critérios mentais claros e distintos”, (frase atribuída a outro pensador e rosacruz, Renée Descartes, [La Haye, Touraine, março de 1596 - Estocolmo, fevereiro de 1650]) na avaliação de fenômenos materiais (ou, repito, mesmo espirituais e místicos), o que, para mim, não apresenta nenhum conflito.
Descartes
Hoje vivemos em um mundo de compartilhamento extremamente rápido de informações, apresentadas de forma muito atraente, e trazendo em seu bojo milhares de afirmações muitas vezes carentes de fundamentação científica e baseadas apenas em crenças pessoais que não passaram pelo crivo da avaliação experimental.
O fato de uma informação “parecer verdadeira” não significa que ela o é, e eu sou, dentro da Ordem Rosacruz, uma das vozes que trabalha incessantemente pela qualificação das informações que nos chegam a todo instante através do que se chama ambiente místico.
Existe uma espécie de consenso entre aqueles que habitam este espaço de trabalho de estudos esotéricos, que os leva a pensar que os esforços no passado de Roger e Francis Bacon, bem como as formulações lógicas de Frater Renée Descartes, não são importantes no trabalho de avaliação das informações colhidas em livros esotéricos.
É como se pensássemos que a verdade esotérica, por seguir outros paradigmas, outras formas de perspectiva do chamado "Mundo Real", deva ser analisada de maneira menos criteriosa do que a colheita e análises de dados feitos pelos cientistas ortodoxos.
Todo meu esforço, nos últimos anos, tem sido na direção de mostrar que é preciso analisar com critério e bom senso todas as informações que nos chegam, sejam elas provenientes de textos profanos ou esotéricos.
O cerne deste argumento, sua espinha dorsal, é a seguinte: todas as informações que nos chegam às mãos, para serem aceitas como conhecimentos confiáveis, devem ser analisadas com discernimento e prudência ou então serão apenas e tão somente produtos de fé.
Não foi para me tornar um homem de crenças dogmáticas que eu me tornei ou, pelo menos, abracei a causa mística. Falta de bom senso e credulidade ingênua nada tem a ver com prática mística.
E o que contemplo ao olhar para meus irmãos de trabalho místico? Aversão à ciência, aversão a informações bem fundamentadas, desprezo pelo trabalho de pesquisadores de todo mundo e defesa apaixonada de discursos visivelmente charlatanescos, sem seriedade e sem suporte.
Uma coisa é ser um Mago. Outra é ser vítima do “pensamento mágico”.
Pensamento mágico é supor que todos os problemas da vida se dissolverão aos nossos pés, sem que nada precisemos fazer para resolvê-los. Que nem nós, nem nossos entes queridos, nunca seremos atingidos pelo sofrimento, pela doença, pela dor.
Que pelo fato de sermos rosacruzes e conhecedores profundos da sabedoria da tradição estaremos protegidos da calúnia, das vicissitudes da vida, ou da morte.
É este “pensamento mágico” que afasta o Iniciado da Verdadeira Magia. É esta falta de critério ao lidar com o mundo e, principalmente, consigo mesmo, que leva as pessoas a serem vítimas de eventos ditos inesperados, mas que são, antes de qualquer coisa, conseqüências da imprudência.
É preciso olhar a história dos Místicos e do Misticismo para entender que não é assim, e que toda essa crença de indestrutibilidade e esse complexo de super-homens que afeta muitos místicos e esoteristas só tem uma única razão: imaturidade psicológica.
Místicos acham que o misticismo puro e simples, independente da cultura e do conhecimento, é tão eficaz que não depende de equilíbrio e preparo mental e psicológico, e alguns supõem, equivocadamente que acumular cultura intelectual atrapalha o desenvolvimento da espiritualidade.
Muitos fratres me dizem, sem nenhum embaraço, que a ignorância é uma bênção, que os Mestres amam os “simples” de coração e confundem de modo ingênuo simplicidade de espírito com falta de elaboração mental e intelectual.
Como eu disse acima, o Culto da Ignorância como uma virtude é a base do obscurantismo.
A simplicidade, e eu repito isto insistentemente, é uma armadilha teórica.
Quando os Mestres, e mesmo o Mestre Jesus, falam em simplicidade, eles falam em uma atitude não ególatra, em mansidão de espírito, não em estado de ignorância, mas em uma humildade de caráter comum aos Sábios. Veja, sábios, aqueles que estão para além do conhecimento. A Sabedoria, ou o Estado de Sabedoria é um patamar acima do conhecimento puro e simples, e mesmo na árvore da Vida, Hochmah (Sabedoria) está acima de Binah (Conhecimento) e mais perto de Kether (Plenitude, o estado mais alto de perfeição antes de Deus).
Quem chegou ao estágio de Hochmah ( Sabedoria) passou necessariamente pela fase de Binah (Conhecimento) .
Infelizmente, muitos místicos, por falta de cultura mística e/ou maturidade emocional, fazem de conta que a ignorância é sinônimo de santidade, que pobreza intelectual é sinônimo de grandeza espiritual e a ciência é apenas um grupo de pessoas atéias e sem espiritualidade que negam as coisas do esoterismo por preconceito e não por que faltam evidências compartilháveis de que a aura, projeção astral ou o poder de cura com as mãos tem eficácia e são coisas reais e não produto do delírio de alguns desajustados.
Outro rosacruz não concordaria com estas premissas. Seu nome: Jan Amos Komenský, em latim Comenius, educador, (Nivnice, 28 de março de 1592 - Amsterdan, 15 de novembro de 1670), “um bispo protestante da Igreja Moraviana , educador, cientista e escritor checo. Como pedagogo, é considerado o fundador da didática moderna".[4]
Ninguém batalhou mais do que ele pela melhoria das condições culturais de todos que o cercavam, pois sabia, como educador e homem de ciência, que a ignorância intelectual torna as mentes apenas presas mais fáceis da superstição e do medo.
Um místico supersticioso é um triste místico. As técnicas rosacruzes não são entendidas como técnicas de acústica ou de ótica atlantianas, ou como o último eco de outro processo científico, de outra era, ou seja, uma tradição que tem os pés fincados na experimentação de toda uma cultura. Não. A maioria dos rosacruzes supõem que estas técnicas maravilhosas que são ensinadas pelos rosacruzes são apenas produtos do acima citado “Pensamento Mágico” e que basta saber de sua existência, não sendo necessária entender as bases de sua eficácia e o contexto em que foram descobertas estas técnicas.
É como se a ciência do passado fosse diferente da ciência de hoje.
Não é. Ambas nasceram da observação, do estudo e do trabalho de várias gerações de pessoas, seja hoje, seja no passado distante. Um bom rosacruz é um ser curioso, sempre investigando, sempre perguntando, sempre trabalhando para ampliar seu conhecimento sim, mas acima de tudo, sempre prudente.
Não despreza a ciência, admira-a.
Não ri dos cientistas, mas tenta imitá-los em sua paciência, rigor investigativo, obstinação, seu senso de trabalho em equipe.
Quem tenta desprezar a ciência ou vê-la sob a ótica do preconceito obscurantista disfarçado de “visão mística”, ao mesmo tempo gosta de usar seu telefone celular, assistir uma televisão de 50 polegadas ou conversar com outra pessoa do outro lado do planeta, com imagem e som, graças à internet, a rede mundial de computadores.
Não se interessa pelo trabalho que deu para montar toda esta estrutura de que dispõe. Não faz caso do esforço de milhares de mentes, místicas ou não, dia a dia acumulando conceitos e fatos até que se atingisse uma massa crítica que pudesse gerar um avanço tecnológico qualquer.
Apenas desfruta de modo infantil e aparentemente inconsciente, dos prazeres deste conforto tecnológico, amaldiçoando-o enquanto se vale dele.
Fala mal dos avanços tecnológicos na agricultura, mas não considera a existência de milhões de famintos que se beneficiaram do aumento dos alimentos.
Quer que voltemos aos tempos da lamparina e da vida no campo, mas não sai da cidade aonde ele e seus familiares vivem.
Ou como lembra o professor Mario Sergio Cortella, meu xará, de modo absolutamente insano, sai de casa em um domingo para comer “comida caseira” num restaurante perto.
O ser humano é desmemoriado. Ele esquece com rapidez as épocas das pestes ou da falta de alimentos, as épocas em que não podia guardar a comida por muitos dias, a época em que deveria ter 15 ou 18 filhos para que apenas 10 sobrevivessem, isso se a esposa sobrevivesse a todos estes partos.
Todas estas eras, a época pré vacinas, a época pré antibióticos, a ausência de saneamento básico, a falta de recursos modernos de transporte, tudo isso é esquecido em nome de uma visão tacanha e mesquinha de que a “vida simples” sem nenhum desses recursos, traria mais beneficio espiritual à humanidade.
É a mesma visão obtusa do Faquir indiano, que em algumas monografias, AMORC alertava ser equivocada. Maltratar o corpo, agredir a matéria, viver com sacrifício e dor, nunca tornou ninguém mais santo.
Quanto à santidade, esta não é garantida pela ausência de bens materiais ou de cultura.
A santidade é uma atitude interna, psicológica, em relação à matéria e ao espírito, uma visão transcendente que não despreza as coisas deste mundo, (criadas, como nós mesmos, por Deus, para nosso aprendizado e evolução), mas que valoriza a Vida Material e sabe da importância de cada encarnação no crescimento pessoal das almas imortais que viajam de corpos em corpos.
Precisamos considerar estas coisas antes de julgar precipitada e erroneamente os homens e mulheres que construíram a nossa cultura, nossa ciência e nossa sociedade. Eles trabalharam duro para que agora nossos filhos estivessem vivos e com saúde e para que, até aqueles que não os compreendem pudessem desfrutar de mais conforto, mais bem-estar e mais dignidade do que há cem ou duzentos anos atrás.
Precisamos ser mais criteriosos com o que lemos, com o que consumimos em termos de cultura e informação, dentro ou fora do ambiente rosacruciano. Não é rosacruciano aceitar qualquer coisa como verdadeira sem testar e verificar antes esta informação, mesmo que venha através de monografias de AMORC. A própria AMORC recomenda esta atitude. Porque ao invés de doutrinas dogmáticas, AMORC dá, generosamente, estas informações para o uso daqueles que queiram delas usufruir para melhorar sua qualidade de vida. Espera-se apenas que as mentes que procurem nossos portais tenham afinidades com nossos ensinamentos e não que os aceitem, graciosamente. Testem o que ensinamos e aprofundem o domínio das técnicas enquanto as testam. Desenvolvam confiança na técnica pelo seu uso diário. Não creiam na sua eficiência. Experimentem esta eficiência, aumentando sua confiança objetiva na técnica em si.
Rosacrucianismo não é uma religião, não é uma questão de fé. A AMORC é uma escola esotérica, onde todos, do Imperator ao neófito são estudantes e cientistas místicos.
Por isso a necessidade de uma atitude cética que em nenhum momento é uma negação dos fatos, mas sim um cuidado com a interpretação dos fatos observados. Seja no aspecto material, seja no aspecto psicológico, seja no aspecto espiritual. Quem melhor descreve esta atitude é o Dalai Lama em uma célebre entrevista que deu ao astrônomo Carl Sagan cujo link é https://www.youtube.com/watch?v=8GCLmKqLBa8
Todo ser preparado intelectualmente ou ao menos atento será um observador melhor e mais prudente. E prudência, não se pode esquecer, é o terceiro degrau da Escada de Rá. A prudência, na nossa ascensão ao Amor Universal, vem antes da Justiça, a qual vem antes da Fé.
Crê melhor quem crê com fundamentos prudentes e justos.
Esta é uma atitude verdadeiramente científica e rosacruciana.
segunda-feira, 10 de agosto de 2015
EXPERIMENTO ou EXERCICIO?
por Mario Sales FRC,SI
Em uma monografia de graus avançados, Spencer Lewis, suponho, faz uma reflexão sobre o uso da palavra Experimento para descrever os exercícios mentais que os rosacruzes tem de fazer todos os dias para desenvolver suas habilidades psíquicas e consolidá-las como técnicas cotidianas.
O trabalho rosacruciano contemporâneo é essencialmente mental, como já demonstrei em outros ensaios, e a realização destes exercícios em nosso laboratório mental assumiu o papel que antes a alquimia possuía, interiorizando a região aonde o místico e esoterista d AMORC se aperfeiçoa.
A palavra experimento não incomodava apenas a Spencer Lewis. Eu mesmo sentia algum desconforto com seu uso quando na verdade estávamos em templo realizando exercícios de fortalecimento mental. O próprio Spencer, no entanto, diz que cada vez que fazemos um exercício mental de qualquer natureza, estamos realizando um experimento que testa a aplicabilidade do princípio e da lei usada naquele exercício, testando seu funcionamento.[1]
De qualquer forma, sendo ou não um teste sobre algum principio, uma das características do trabalho rosacruciano contemporâneo é que ele é realizado por pessoas que partem de um pressuposto diferente do pressuposto científico ortodoxo, ou seja, supõem a possibilidade de que certas habilidades mentais podem e são reais e possíveis de se tornarem manifestas pela prática diária e pelo exercício freqüente, principalmente, como Lembra Lewis, no mesmo trecho, se tiverem um “objetivo prático”.
Portanto, não se testa aquilo que se sabe funcionar, mas se exercita aquilo que, sabido como real, quer se aperfeiçoar.
Teste implica duvida, metodológica que seja, duvida que deve estar no coração de todo estudante rosacruz no sentido de investigar o comportamento dos fenômenos chamados esotéricos. Não se duvida da existência destes fenômenos, mas sim tem-se dúvidas sobre seus mecanismos e sobre sua manifestação peculiar. É a dúvida da curiosidade.
É preciso associar a busca por aperfeiçoamento com o cotidiano e com necessidades objetivas para ancorar o navio de nossa investigação e não deixar que ele seja arrastado pela especulação vazia.
Quando temos uma real necessidade, uma necessidade objetiva, um problema pessoal, aparentemente forças extras entram em campo e tornam a resposta a estes exercícios mais forte e mais notável.
Aquilo que for exercitado sem uma conexão com a vida física, social e psicológica, do iniciado, provavelmente manifestar-se-á de modo muito mais fraco do que se algo nos mobilizasse, principalmente pelo ponto de vista emocional.
Estas peculiaridades emocionais não devem nunca ser desconsideradas na analise da eficácia de técnicas rosacruzes, parafraseando Lewis, em problemas “no lar e nos negócios”.
Um exercício meramente intelectual tem pouca chance de dar bom resultado. É o fator emocional que dá a liga e a chama que acende a fogueira da realização mística.
Nós, rosacruzes, somos cientistas do coração e do sentimento, mas diferentemente de meros psicológicos, não analisamos as emoções através de métodos racionais, mas sim através da sensibilidade.
Nossos “experimentos”, se quisermos chamar assim, estão relacionados às coisas que podemos aprender com o estudos de nossos sentimentos, de nosso mundo interior, e sem intenção de ser poético, mas sim de ser fiel aos fatos, nosso interior ainda é o verdadeiro universo inexplorado.
É aí que o trabalho místico rosacruz contemporâneo encontra seu foco e principal campo de ação.
Para nós, discípulos dos ensinamentos de Lewis, é dentro do estudante que se encontram todos os recursos para a realização da transformação de sua vida pessoal, do mundo a sua volta e da sua própria qualidade de vida.
Esses exercícios ou experimentos desenvolvem nossa habilidade ao manipular as ferramentas mentais que a AMORC coloca a nossa disposição.
Praticar deve ser parte de uma rotina pessoal, sejam os sons vocálicos, a re-leitura de trechos das monografias já estudadas, estudando sempre, para além da noite escolhida para sanctum. Precisamos ter uma real curiosidade de compreender e, além disso, dominar estas técnicas para aplicá-las mais e melhor.
Quem não pratica os ensinamentos rosacrucianos, independente de outros aspectos, perde uma oportunidade única de conhecer um poder que, com certeza, é um diferencial psicológico e social, não unicamente de cunho espiritual, mas de cunho material.
sexta-feira, 7 de agosto de 2015
FÉ E MEDO
por Mario Sales
“Perigos, infortúnios, necessidades, dores e padecimentos, isto é o que, a mais ou menos, aguarda com certeza todo homem que vem ao mundo. Cabe a ti, portanto, ò filho da calamidade, fortalecer desde cedo tua mente, com coragem e paciência, para que possas suportar com a devida resolução a parte dos males humanos que te espera.
Assim como o camelo suporta o labor, a canícula, a fome e a sede pelos desertos de areia, e não sucumbe, assim a fortaleza do homem o sustenta através de todos os perigos. O espírito nobre desdenha as adversidades da fortuna; sua grandeza de alma está em não desfalecer. Ele não deixa que sua felicidade dependa dos sorrisos da sorte e, por isso, não desanima quando lhe franze o cenho. Como a rocha na praia, ele se mantém firme, e a rebentação das ondas não o perturba. Ele ergue a cabeça como uma torre sobre a colina, e as flechas da fortuna caem a seus pés. No momento do perigo, a coragem de seu coração o sustenta e a firmeza de sua mente o mantém incólume. Ele enfrenta os males da vida como o homem que vai para uma batalha e retorna com a vitória nas mãos. Diante da pressão das desgraças, sua calma alivia seu peso e sua constância as sobrepuja. Mas o espírito pusilânime do homem timorato o atraiçoa, entregando-o a vergonha. Encolhendo-se diante da pobreza, curva-se até a mesquinhez; e, ao suportar docilmente os insultos, abre caminho à injúria. Assim como os juncos que são sacudidos pela brisa, a sombra do mal o faz tremer. Em horas de perigo ele fica embaraçado e confuso; em dias de infortúnio cai e sua Alma é arrebatada pelo desespero. ”
Do livro “à Vós Confio” lemos sobre “A Fortaleza”
Problemas
todos enfrentamos ou enfrentaremos, perseguições, constrangimentos, situações
difíceis súbitas e inesperadas.
Diante
de tal contexto, tudo nos mobiliza para buscar uma solução, uma reversão da
estranha maré de acontecimentos que nos tenha atingido.
Certas
situações, às vezes, não são de curta duração, ou de fraca intensidade.
Independente
de nossos esforços, sentimos nestas situações a perda progressiva de nossas
possibilidades de resolver nossos problemas através, apenas, de nossas próprias
habilidades.
É
aí que oramos.
Oramos
por receio da derrota, do fracasso, da dor.
Oramos
por forças para atravessar esta fase ou pela simples manutenção da serenidade
enquanto aquele drama se desenrola.
Oramos
por necessidade, portanto. E nossa fé nestas horas é testada pela intensidade
de nosso medo. Pois todos nós, que temos bom senso, sabemos que somos mortais e
frágeis e que não temos nada em torno de nós que evite que passemos pelas
mesmas atribulações que tantos antes de nós passaram.
Sabemos
que nestas horas é importante termos a Fortaleza de Espírito preconizada no
texto em epígrafe, mas somos humanos e nossa nobreza depende de nossa
capacidade de superar nosso próprio medo do qual não podemos nos separar pela
simples e banal vontade.
Ele
estará lá, à espreita, tentando sabotar nossa confiança, nossa fé.
Fé
e Medo conviverão, lado a lado, como o anjo bom e o anjo mau, cada um de um
lado, a nos sussurrar ideias, posturas, de acordo com seus pontos de vista.
Ficaremos,
sempre, como ouvintes passivos de suas mensagens, tentando não prestar atenção
a um e focar nossa atenção a outro, de acordo com a escolha que façamos. Esta
escolha, prestar atenção à esquerda ou à direita, ao Medo ou a Fé, é a essência
deste teste de serenidade que atravessaremos com ou sem sucesso, dependendo de
nossa Fortaleza e determinação.
A
vida às vezes pode ser muito difícil.
Precisamos
relaxar e crer que sempre existe uma boa razão par o que acontece e como diz a
máxima do movimento Hare – Krishna, “tudo
que Krishna faz é bom”.
A
tendência é que nos desequilibremos, que nosso espírito se desespere, mas nada,
nada é mais incorreto do que isso em momentos de grande provação. É para estes
momentos exatamente que todo nosso treinamento mental é focado. É aí que
precisamos lembrar de tudo que aprendemos sobre a necessidade do equilíbrio
interior e da paz de espírito serem independentes das coisas que ocorrem fora
de nós.
Aliás
este é o segredo: o fora e o dentro. Embora estes mundos se tangenciem em nossa
mente e, em certas situações, até se interpenetrem, são mundos diferentes e podem
ser mantidos estanques, sendo que o mundo interior serve, às vezes, como uma
cápsula de sobrevivência diante dos transtornos que acontecem em Maya, em torno
de nós.
Manter
esta separação nítida e clara ajuda a separar o Medo da Fé e a diminuir o
efeito enfraquecedor daquele sobre esta, nos ajudando a atravessar momentos difíceis
com mais serenidade.
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