Multi pertransibunt et augebitur scientia (Muitos passarão, e o conhecimento aumentará).

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

SALMAN KHAN, UM PROFESSOR PARA O SÉCULO XXI

Este é um blog para Rosacruzes da AMORC e de outras linhas e Martinistas da TOM, abrigada dentro da AMORC, bem como para Maçons interessados em evoluir.
Só que para isso, meu foco sempre tem sido a educação.
E qualquer coisa que possa aumentar o grau de cultura técnica e humana destes mesmos místicos destas três nobres Ordens , nas palavras de Comenius, é fundamental à sua formação.
Portanto, dentro deste espírito, ecôo o que já é um consenso internacional.
Todos os louros ao primeiro professor do século XXI, Salman Khan, que usando o You Tube e uma extrema dose de generosidade e didática tem facilitado a vida de estudantes em toda a face da Terra.
São 2700 vídeos de mais ou menos 20 minutos, 4 milhões de alunos virtuais, que assistem seus vídeos pela internet, os quais assistiram 115 milhões de aulas até a última sexta feira, segundo a revista VEJA deste fim de semana.






Mais. Antes restrito aos alunos de língua inglesa, o trabalho deste jovem, egresso do MIT, de 35 anos de idade, foi traduzido para o português pela Fundação Lemman, e continua a ser traduzido, já que o volume de material é bastante grande 
http://www.fundacaolemann.org.br/khanportugues/ ).
Acessem e deixem seus filhos acessarem.
Vários conceitos que não foram fundamentais a nossa vida social mas que serão absolutamente fundamentais à deles ficarão muito mais fáceis de entender.
Se quiser ir direto à fonte use o link http://www.khanacademy.org/
Grande Abraço


Mario


PS: Abaixo, com dublagem em Português, tirado do You Tube, um vídeo apenas como exemplo, no caso abordando o conceito de "Vírus". E mais abaixo, o próprio Salman Khan, apresentando-se e sendo apresentado por ninguém menos do que Bill Gates, tão impressionado com sua iniciativa quanto eu mesmo.







sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

AINDA A QUESTÃO DA LIBERDADE


Por Mario Sales, FRC.:;S.:I.:;M.:M.:



Na aula que recomendei a todos que assistissem, onde Claudio Ulpiano fala sobre o conceito de Liberdade em Espinosa (http://www.youtube.com/watch?v=ip-qq9ELhUs) uma coisa que chama a atenção é o recurso didático que ele utiliza para esclarecer este mesmo conceito. Ao longo da exposição ele defenderá a tese de que, para Espinosa, um ser humano livre é aquele que é movido por “forças que vêm de dentro” enquanto o escravo, digamos assim é aquele que é refém de “forças que vêm de fora”. Toda vez que somos mobilizados por “forças que vêm de fora”, somos passivos, passividade essa que ele Espinosa chama de paixão, ao contrário do ser ativo, que influencia seu meio imediato, o homem de ação.
Mais nada precisamos dizer.
A imagem é límpida, cristalina. Liberdade é autonomia de decisão, do ponto de vista psicológico e emocional.
Não só as paixões dos outros corpos que nos circundam, mas também as nossas, são consideradas forças determinadas de fora para dentro, já que para o filósofo português, a paixão é determinada pelo desejo inconsciente, que elege um objeto fora de nós como essencial a nossa existência.



Auto-esclarecimento é, portanto, entender nossas necessidades, sejam elas quais forem, satisfazê-las do modo mais completo possível para garantir nossa subsistência e felicidade, mas tornando-nos principalmente conscientes delas, jamais jogando sobre necessidades legítimas quaisquer julgamentos de valor, quaisquer abordagens morais, já que nada é mais santo do que a própria fisiologia humana, e sua filha, segundo Espinosa, a psicologia humana.
Na verdade ele não privilegia uma ou outra e falar em mãe e filha é apenas uma figura de linguagem. Ambas interagem de tal maneira e com tal intensidade que dizer quem veio antes seria abominável, e injusto com uma filosofia tão brilhante, se bem que os materialistas adorariam jogar o princípio de tudo no corpo já que todo materialista tem um grave vício de compreensão do que seja matéria.
E isto porque, para os materialistas, matéria é o que é denso, e espiritual é o que é invisível, e provavelmente, por causa desta invisibilidade, falso e inexistente.
Para lembrar a fala do Prof. Sergio de Oliveira, cujo vídeo da palestra está lá nas profundezas do blog, ser materialista é acreditar em algo que não se vê, já que a matéria não tem luz própria, mas apenas reflete a luz que é lançada sobre ela, e crer em algo que não se toca, já que a sensação de densidade é dada pelo encontro de campos elétricos de trilhões de átomos, e não da matéria em si que eles compõem. Portanto, segundo Sergio, o materialista é aquele que crê em algo que não vê e que não toca, e por isso “é preciso muita fé para ser materialista”.
A noção de materialismo e imaterialismo desapareceu com o fortalecimento da física de partículas, a física quântica. No mundo do muito pequeno, o duro e o sólido não existem. Tudo é fluido e tem um comportamento errático e instável, para usar uma palavra sacrílega para a ciência, tudo é diáfano e espiritual, e não estamos falando de quaisquer aspectos religiosos, mas de física positivista, amparada em cálculos matemáticos perfeitamente racionais.
O psicológico é, portanto, apenas menos denso, mas tão material quanto o que nos parece mais denso e mais visível, por exemplo, nosso corpo físico. É disso que falava Espinosa, 400 anos antes de qualquer conhecimento quântico ou mesmo do nascimento de Max Planck.
Liberdade é isso, liberdade não só do corpo denso, mas mental, a liberdade mais essencial, do corpo menos denso, aonde vigoram os pensamentos, corpos menos densos ainda, mas ainda assim, materiais.
Essa é a verdadeira liberdade, se é que isto existe.
Aí, entretanto, já é outro assunto.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

IMAGINAÇÃO E LIBERDADE


por Mario Sales, FRC.:,S.:I.:,M.:M.:


O conceito de liberdade é muito caro ao homem contemporâneo. Ele o considera um bem precioso e defende-o de maneira intransigente em certas situações e, em outras, quando supõe que foi privado deste bem, mergulha em estado de melancolia.
Este comportamento tem suas raízes, como, aliás, quase tudo em nosso comportamento, na Grécia clássica.

Gerd Bornheim

Lá começou a busca da liberdade, marcada desde o início pela contradição pois o povo que defendia o sistema político que hoje copiamos, a Democracia, cultivava a escravidão de outros povos. Foi no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, estudando o teatro grego, que aprendi um pouco sobre as movimentações do povo grego em busca de liberdade, principalmente aquela mais fundamental, a liberdade psicológica.
Fui aluno de Gerd Bornheim, no IFCS da UFRJ.
Era um homem respeitado no meio teatral, o que eu não sabia na época.
De qualquer forma, foi acompanhando suas digressões sobre o teatro na Grécia que comecei a fundamentar minhas reflexões sobre a transição entre um comportamento psicológico e outro, para gregos e para toda a humanidade depois deles.
E este comportamento psicológico dizia respeito às crenças religiosas em oposição à razão.
Ele sempre falava que a transição de modelo de peça teatral marcou também a transformação do homem amedrontado, aprisionado pela superstição e submisso à vontade dos Deuses para outro tipo de homem que, literalmente, tinha seu destino em suas mãos. E ele citava Medeia, no caso a versão de Eurípedes, uma tragédia importante da época, como marco desta transformação.


Medéia de Eugéne Ferdinand Victor Delacroix


Ali estão retratados sentimentos humanos, ou como diria Nietzsche, demasiadamente humanos, como ciúme, infidelidade, vingança. Só que o que chama atenção em Medeia é que, pela primeira vez, os erros de Jasão, o personagem masculino, e a sua traição à sua esposa, Medeia, desencadeiam eventos ligados única e tão somente aos sentimentos humanos envolvidos. Não há a intervenção de quaisquer dos deuses conhecidos nos acontecimentos. Quando Medeia envenena os filhos por vingança, ela o faz por sua vontade.







É curioso, mas a peça que mostra a libertação dos homens do jugo psicológico da vontade dos deuses é protagonizada por uma mulher.
Foi uma aula fascinante. Gerd falava calmamente, não tinha a característica teatral de outros professores na exposição de seus argumentos, mas eles tinham um peso e uma veemência própria, por si, e calavam fundo em todos nós.
Sábios não precisam gritar para serem ouvidos com atenção.
Livre dos deuses, o grego buscou guiar seu comportamento pelo pensamento racional, pela lógica, a partir de Sócrates, aperfeiçoada por Aristóteles. Por isso pensar era ser livre das superstições. Pensar e agir a partir de seu pensamento era ser livre. Pensar era ser livre. Ser livre era pensar.
Além disso, pensar significava romper com os deuses. Era uma atitude de oposição aos deuses. Essas reflexões já são minhas e não de Gerd.
Daí pra frente, romper com a opressão de deuses míticos tornou-se sinal de liberdade e o pensamento individual, os sentimentos humanos, um sinal desta liberdade.
Perante os deuses gregos ou perante qualquer idéia de divindade. Foi neste momento que jogamos a criança fora junto com a água da banheira.
Como já descrevi antes, crer em algo não é o mesmo que experimentar. Crer em uma determinada idéia de divindade não é o mesmo que experimentar uma espécie qualquer de contato com esta mesma entidade. E já que, nisto estamos de acordo, a mente nos prega peças, um contato desta ordem pode ser produto de delírio e ilusão psicológica e tão falso quanto crer na existência de Zeus ou de Apolo.
A Imaginação foi assim relegada a um plano de detenção, um ambiente mental prisional, aonde ela deve ficar detida para não causar problemas às partes sérias e confiáveis do cérebro, ou seja, a razão e o cálculo.
Por isso até hoje, os artistas são comparados aos loucos, dada sua imensa capacidade de imaginar e sua descontrolada felicidade em fazê-lo.
Ao contrário do que se concluiu ao longo de séculos, que era a razão que deveria nos libertar e que deveríamos manter sob vigilância a imaginação para que esta não nos confundisse, por causa de uma razão tirana mergulhamos em profunda tristeza da qual, na maioria das vezes, somos salvos apenas pela arte, a filha dileta da Imaginação, que com seus livros, esculturas e pinturas, com suas músicas e óperas, com seu teatro, libera-nos da opressão desmedida dos fatos e dá a estes mesmos fatos uma dimensão que vai muito além do que eles parecem ser.
Será esta, no entanto, a função da arte? Acalmar nossa angústia e nossa perplexidade? Ou por outra, a função da arte é causar exatamente esta perplexidade à qual os fatos, despidos de sentido ou beleza nos levaram?
Vamos por partes.
O primeiro impacto da Arte está na sua capacidade de materializar, no drama teatral ou em um objeto, nossas idéias de mundo e nossos sentimentos.




Sim, muitas das vêzes os artistas recorrem a referenciais cotidianos, a histórias mundanas e corriqueiras, mas apenas para discutir através do visível, o invisível, os sentimentos.
E também é verdade que a arte nos causa perplexidade, mas de forma positiva, porque instabilizando nossos horizontes ela permite que possamos expandi-los, além daquilo que a razão tinha nos assegurado e estabelecido. E nisto a arte pode nos tirar da zona de conforto, mas na intenção de nos mobilizar internamente em direção a valores mais refinados e elaborados do que os anteriores, a percepções mais complexas e ricas do que as que possuíamos antes.
A intensidade deste desconforto que a arte pode provocar vai depender, obviamente, do artista, que deverá ser capaz de dosar aquilo que produz para que, nem deixe de causar impacto emocional com sua obra, nem cause tanto impacto que em vez de perplexidade, gere sofrimento e aversão em quem contempla seu trabalho.
Sua liberdade em libertar a mente de quem o assiste é, portanto, limitada a capacidade de tolerância do espectador às cores, físicas ou psicológicas da obra.
Por isso existe um universo artístico tão heterogêneo, pois tal universo consiste tanto de diferentes tipos de expressão artística quanto de diferentes tipos de artistas, funis diferentes para o mesmo fluido. E, claro, este fluido que é o nome que daremos aqui para a Inspiração da Imaginação, será derramado nos mais diferentes tipos de recipientes, os quais serão então a forma final desta ou daquela obra artística.
Criar arte é aprisionar o fluxo livre da imaginação em determinado recipiente, seja um texto, um poema ou uma canção.
É como uma fotografia do movimento das ondas do mar, ininterrupto, mas que ficará congelado na foto, como se fosse imóvel, e será tanto mais bela a foto quanto mais perto estiver de sugerir o dinamismo destas ondas.
A imaginação é invisível para quem não está envolvido no processo criativo, e certas idéias não poderão nem mesmo ser percebidas por quem tentar imaginá-las se não tiver, como vimos no ensaio anterior, instrumentos intelectuais para isso. Só um matemático pode ver beleza em determinadas equações. Só um músico pode perceber de forma consciente as nuances de uma melodia. Seus cérebros estão aptos à fazê-lo, como nem todos os cérebros estão.
A Imaginação, portanto, tanto nos liberta da mesmice do mundo quanto não é livre totalmente, já que depende de quem imagina. Ela estará sempre, indissociavelmente, unida ao imaginador. E este deverá dar a esta Imaginação a forma que puder e tiver competência intelectual para dar.
Daí a importância de algo que caiu em desuso em nossos dias e que se convencionou chamar de “cultura geral”.
Num mundo que valoriza o especialista, em uma ciência que depende desta especialização para poder mostrar resultados, aqueles que forem capazes de conhecerem muitas coisas sobre muitos assuntos estarão, paradoxalmente, mais aptos a receber um sem número de inspirações em sua imaginação e compreendê-las, tornando-se um manancial de idéias fabuloso. É o caso de pessoas criativas ou que lidem com a criatividade não direcionada, como os publicitários.
Publicitários, por definição, não são apenas artistas que se expressam, mas sim artistas da expressão em si.
É da natureza de sua profissão dar imagem a idéias e por isso, seriam, se os salários compensassem excelentes professores. Quando transformam em comerciais de 30 segundos uma idéia ou uma informação, para que possam ser bem sucedidos devem fazê-lo com graça e capacidade de fixação na mente do interlocutor ou espectador.
E todas as idéias e fatos cotidianos possíveis serão convocados a participar deste esforço de representação, deste teatro de meio minuto, aonde é preciso emocionar quem assiste com a mesma força de uma peça de hora e meia.
Qualquer publicitário sabe que, da mesma forma que não há como saber o que um cliente futuro trará para ser objeto de seu trabalho, não existe informação que ele possa desprezar no seu dia a dia dentro da sociedade, e por isso permanece atento a tudo que testemunha, desde o comportamento do balconista de uma padaria até as formas de música e estilos de dança que caem no gosto das pessoas de sua época. E isto sem desprezar aspectos tradicionais do comportamento humano, suas tradições e crenças mais comuns.
O Publicitário é um psicólogo de massas, como todos nós devemos ser, e tem obrigação por profissão de entender a natureza humana, sem preconceitos ou reservas.
Ele é o meu melhor exemplo da utilidade da erudição na função de dar um contorno às idéias provenientes da imaginação produtiva, no intuito de tornar visível e estático o que em si é, por natureza, invisível e dinâmico.
E assim, aprisionando o fluido da imaginação em uma forma, libertamos nossa mente de sua angústia de se expressar.
É isso.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

IMAGINAÇÃO, FANTASIA, EDUCAÇÃO E CIÊNCIA

Por Mario Sales, FRC.:,S.:I.:,M.:M.:


"A imaginação é mais importante que o conhecimento."
Albert  Einstein


Em meus recentes ensaios sobre Espinosa detive-me em um deles (“Fantasia e Imaginação em Espinosa”, 1° de janeiro de 2012) para esmiuçar a noção de Imaginação para aquele pensador. Baseando-me mais na minha intuição do que em conhecimentos intelectuais, afirmei que, em minha opinião, o conceito de Imaginação que Espinosa combate como danoso à constituição de um pensamento bem estruturado nada tem a ver com a Imaginação como atributo da mente humana em geral.
Podemos falar em dois tipos de Imaginação: aquela que chamaremos de Produtiva, que tem a ver com a elaboração de um conceito ou a compreensão deste mesmo conceito, ou ainda com a técnica de Imaginação Criativa, tão conhecida dos rosacruzes; e aquela imaginação que chamaremos de Dispersiva, a Fantasia, que tem como exemplo o divagar descomprometido, o sonho, sem um objetivo definido, sem compromissos com o que chamamos de mundo real, que se alimenta de superstições e delírios, esta sim considerada por Espinosa um obstáculo ao pensamento claro.
A imaginação deve, para ser produtiva, nos servir e estar contextualizada como ferramenta para elaborar o Real e não tentar ser o próprio Real que ela trabalha, como exemplifica o quadro de René Magritte “Ceci n`est pas une pipe”, “Isto não é um cachimbo”, escrito embaixo da figura pintada de um cachimbo, evidenciando que trata-se de uma representação do mesmo e não um cachimbo em si.




Quando imaginamos a partir de um referencial no real, com um objetivo claro e definido, usamos a Imaginação; quando divagamos, de maneira dispersiva, ela nos usa.
Esta dualidade aparentemente perde um pouco de sentido se considerarmos a criação artística, que necessita de uma imaginação com liberdade absoluta, pelo menos nos seus primeiros instantes criativos.


René Magritte

Em sua defesa, entretanto, argumento que não existe liberdade total nem mesmo para a imaginação, pois esta está sempre atrelada à sua expressão e àquele indivíduo que a exprime, o que a limita. Antes mesmo de manifestar-se através da língua, da música ou do pincel, a imagem se expressa na mente, e quem não tiver recursos para compreender e dar forma ao que imagina, não verá absolutamente nada. Por exemplo: imaginem um indivíduo que não tenha muitas luzes, do ponto de vista intelectual, mas que seja extremamente inspirado, sendo capaz de perceber coisas que outros não consigam, dada a sua sensibilidade. Como seu vocabulário é pequeno e seus recursos intelectuais são poucos, não conseguirá expressar de maneira satisfatória as inúmeras inspirações que receberá do Cósmico, a todo instante e momento, vivendo o que eu chamo de Iluminação Egoísta, aquela que não se pode compartilhar.
Poderá expressar sua particular sensibilidade por atividades misericordiosas, ou por um sorriso de beleza ímpar, mas não poderá descrever a quem não consegue como ele, contemplar as imagens que lhe chegam do Universo, toda a beleza que encerram e todo o colorido de seus significados e contornos.
O segredo do conhecimento realmente significativo é o compartilhamento.
Toda erudição não compartilhada é estéril e inútil. O destino da informação é ser distribuída, generosa e gratuitamente, de maneira que mais e mais pessoas venham a desfrutar de novos recursos conceituais e intelectuais que melhorarão seu padrão de vida e sua autonomia social.
E a ferramenta mais importante para este compartilhamento é a Didática, que depende e muito da Imaginação Produtiva, como definida acima.
A Didática é a maneira de facilitar a compreensão de um conceito ou uma idéia ao seu interlocutor. Ela facilita e muitas vêzes determina o fenômeno de compartilhamento. Quem não sabe explicar facilitando a compreensão de seu interlocutor, não consegue compartilhar, principalmente se este interlocutor tem um nível cultural inferior ao seu.
Fora este caso, muito comum, de níveis culturais diferentes, os conceitos também variam em complexidade, podendo ser simples ou altamente complexos, visualizáveis ou não visualizáveis, como os conceitos meramente matemáticos.


Para lembrarmos um detalhe histórico curioso, não deixemos de assinalar que, embora o conceito de técnica didática já estivesse presente na Grécia (a palavra, aliás, tem origem no grego Τεχνή διδακτική - techné didaktiké) o pai da didática moderna é um rosacruz do século XVII, Jan Amos Komenský, conhecido no Ocidente como Comenius.

Comenius

Porque esta longa digressão sobre a Didática? Por causa da Imaginação, a fonte de elementos imagísticos que criará as condições básicas de transmissibilidade de conceitos complexos de forma palatável, compreensível, seja qual for o nível cultural do interlocutor.
Um professor sem Imaginação, uma Imaginação Produtiva, comprometida com uma finalidade definida e clara, não conseguirá levar a bom termo sua missão de ensino. Partindo deste princípio, e no intuito de que todos tenham mais facilmente esta capacidade de ensino, existem sistemas didáticos prontos, padronizados, para serem usados por escolas que não consigam ter em seus quadros professores capazes de ensinar didaticamente conceitos mínimos que todos os seus alunos precisem absorver.
Esta é uma das funções em que a imaginação produtiva mostra sua extrema utilidade, mas não a única.
A mais importante função da imaginação produtiva é na área científica. É verdade que o cientista moderno trabalha geralmente a partir de sua observação. Especula sempre a partir de fatos já estabelecidos ou de conceitos matemáticos abstratos, mas demonstrados.



Só que não só de fatos vive a ciência. Ela também vive de idéias. O universo não é apenas pensado, mas também e principalmente imaginado pelo pesquisador.
Toda linha de pesquisa pressupõe e denuncia uma Idéia de Mundo, uma perspectiva pessoal daquele cientista acerca do mundo que ele vai investigar. O que a maioria dos pesquisadores faz é buscar comprovações de sua Idéia de Mundo, que pode ser uma convicção pessoal, mais ou menos fundamentada nos fatos e na sua experiência, como também, além disso, resultado de uma cultura antropológica específica.
Os cientistas gostam de se sentir seres humanos essencialmente racionais, mas é óbvio que isto não passa de uma falácia. Em nosso espírito temos misturadas duas partes, uma líquida e outra sólida, fluindo por dentro de nós, como nosso sangue. A líquida é flexível, maleável, adaptável. A sólida nem tanto. E esta parte que eu chamei de sólida compõe-se fundamentalmente de valores culturais adquiridos na infância e durante a nossa convivência familiar na infância e adolescência.
O cientista é educado mentalmente a reservar uma parte de seu cérebro para estas lembranças como meras crenças familiares e guiar-se apenas pelo seu raciocínio lógico e fundamentado. Vez por outra, entretanto, escapes ocorrem desta região de depósito que podem contaminar ou mesmo contaminam o pensamento dito racional. 




A palavra contaminar tem um aspecto negativo e não é feliz em descrever o que realmente acontece, pois pode ser exatamente esta Impureza Mental e Reflexiva a garantia da humanidade no processo científico. É o caso da imaginação produtiva e do raciocínio na obra científica de Einstein. Suas convicções pessoais, talvez até de certa forma religiosas, de um universo organizado e racional levaram-no a buscar até o fim de sua existência a chamada Teoria de Tudo, uma equação que em si resumisse a manifestação da existência. Hoje, pelo andar da carruagem, alguns respeitados homens de ciência já começam a achar que esta é uma busca inglória e fantasiosa (pasmem), que mais tem a ver com a noção religiosa do Deus Único do que com a ciência em si.
Tudo até agora aponta para um Universo Múltiplo e não Uno, como supõem os que ainda hoje buscam este Santo Cálice da Física Contemporânea. (Quanto a isso sugiro a leitura do texto de Marcelo Gleiser, “Criação Imperfeita”, da Editora Record).



Todos os místicos gostariam que sim, o Universo pudesse ser compreendido como uma manifestação Una e Indivisível, e que pudéssemos descrever cientificamente esta unidade em uma única equação.
E talvez seja assim, mas não do jeito que achamos. Talvez a nossa noção de Unidade é que esteja errada e, na verdade, a Unidade não seja um Ser, mas o conjunto dos seres e de tudo, esta interligação em si, tão presente na obra de Espinosa, um autor, aliás, admirado por Einstein.
Isto implicaria não em uma equação, mas em um conjunto de equações que, inter-relacionadas entre si, mostrariam cada uma faceta da Criação, um lado deste triângulo ou deste hexágono, não sei.
Este é um desafio para a Imaginação Produtiva dos cientistas envolvidos na busca, os quais com certeza recorrerão à esta ferramenta de modo construtivo e encadeado para elaborar os conceitos que depois, através do intelecto, tentarão descrever, didaticamente, para todos nós.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

OPINIÕES, CRENÇAS E EXPERIÊNCIA

Por Mario Sales, FRC.:;S.:I.:;M.:M.:

Existe no You Tube um vídeo da BBC sobre Nietszche, ao que parece parte de uma série intitulada “Humano, demasiadamente Humano” (Human, All Too Human: Nietzsche). Lá estão descritos detalhes biográficos do eminente pensador alemão. Entre eles a mudança brusca de rumo ao abandonar o curso de teologia na Universidade de Bonn. Por causa disso, Nietzsche mandou uma carta a sua irmã, Elizabeth, explicando suas razões para a troca pelo curso de filologia das línguas clássicas.
Diz ele: “Te escrevo isso, querida Elizabeth, só para contar as verdades mais comuns para os crentes. Toda verdade na fé é infalível; ela cumpre aquilo que o crente espera encontrar nela. Porém não oferece a mínima base para estabelecer uma verdade objetiva. Aqui os caminhos do homem se dividem. Se queres alcançar a paz e a felicidade, então crês. Se queres ser um discípulo da verdade, então busca.”



Essa fala me pareceu elucidativa sobre um tema que discuti quando escrevi sobre a morte do polemista Christopher Hitchens, antiteísta como se definia.
Para Nietzsche, havia uma oposição irreconciliável entre fé e busca, como se a busca também não fizesse parte do processo de crença.
Esta oposição é, do ponto de vista místico, absolutamente falsa.
Eu sempre comento que se os filósofos conhecessem o misticismo, fossem iniciados nas colunas do verdadeiro esoterismo, mudariam sua concepção sobre a presença de Deus no mundo e não combateriam mais ao Todo Poderoso, mas sim as instituições que se arvoraram em suas representantes e procuradoras, as religiões, aquelas que estabeleceram normas e leis em nome de uma intimidade com o Altíssimo que jamais possuíram.

Este equívoco está presente nos pensadores mais brilhantes. Tomam a experiência divina como sinônimo de crença e de religião. Não é, qualquer místico sabe disso, mas eles não são místicos, nunca buscaram dentro de si, e se o fizeram, não foram fundo o suficiente. Atingiram no máximo a mente e não o espírito.
Busca interior é algo mais profundo. Minha sóror e saudosa amiga Diva Ogeda sempre comentava que misticismo era uma coisa pra se tomar na veia. Não permitia meias verdades. Pessoas que não experimentaram interiormente a presença de Deus não podem discuti-lo, falar sobre ele, ser a favor ou contra a idéia de sua existência. É um discurso vazio, já que não é baseado em fatos. Sim, fatos, já que a experiência interior, a epifania verdadeira, não é uma impressão ou uma crença, mas uma vivência. Tenho lido pensadores os mais variados e exatamente por não terem vivenciado a presença em seu interior, discutem a Divindade de forma banal, superficial e imprecisa. Debatem a autodeterminação como se Deus os tolhesse; debatem a importância da liberdade como se Deus os acorrentasse; enfim debatem o pecado como se Deus os julgasse ou os condenasse.
Tudo bobagem.
Qualquer místico sabe que quem tentou tirar nossa autonomia filosófica, moral e científica foram as religiões; que quem aprisionou e torturou, física e mentalmente milhares de pessoas foram as religiões, e por último, quem julgou , condenou, e criou tábuas da lei como o próprio Nietzsche mostra em Genealogia da Moral, foram as religiões.
Deus? Deus não tem nada a ver com isso. Aqueles, no entanto, que se arvoraram em Seus representantes, esses falsários do espírito, esses seres arrogantes que se auto intitulam possuidores de uma revelação qualquer que lhes autorizaria torturar, julgar e escravizar multidões de mente fraca mundo afora, esses tiranos de várias denominações, esses são os verdadeiros inimigos da liberdade e da experiência direta de Deus, e não a fé.


O massacre dos Cátaros


Lembremos dos Cátaros, no sul da França e norte da Itália. Cátaro em grego quer dizer puro. Foram dizimados por uma única razão: acreditavam na auto determinação e que cada homem deveria ter um contato individual com Deus, e não através de intermediários. Vejam a transcrição que se segue : “A resistência às sucessivas tentativas de reconversão da população local provocou a organização da Cruzada Albigense. Iniciada em 1209, a cruzada durou cerca de 35 anos. Foi comandada por Simon de Montfort sob ordem do Papa Inocêncio III. Seus enviados estampavam uma cruz em suas túnicas e tinham como meta a absolvição de todos os pecados, a remissão dos castigos, um lugar a salvo no céu e, como recompensa material, o produto de todos os saques. A primeira cidade tomada foi Beziers, e o massacre foi quase que total. O abade de Citeaux, representante papal, ao ser questionado sobre como seriam reconhecidos os cátaros e os católicos, ele havia respondido: " Matem a todos... Deus se encarregará dos seus..."”
É estranho que grandes pensadores não tenham se apercebido desta sutileza. Talvez estivesses tão encharcados de religiões que não conseguiam ver Deus por trás e acima delas.
Mesmo assim, se sou severo com os Inquisidores de plantão, que não morreram nem desapareceram, estão apenas adormecidos e perigosamente atentos, tenho uma dose de crítica reservada aos grandes pensadores.
A única coisa que explica que homens inteligentes e sensíveis intelectualmente não tenham conseguido perceber a diferença entre uma e outra coisa é a ignorância. E não a ignorância intelectual, pois todos eram soberbos intelectuais.
O que é triste é que com tanta sensibilidade nunca tiveram a capacidade de se deixar absorver no Todo. E a única explicação é o Medo. Este mergulho na experiência, a única forma de se conhecer diretamente aquilo que Espinosa chamava de a Substância sem Causa, implica também na perda parcial ou total, temporária, não definitiva, na noção de Eu.


Aquele que por alguns instantes se funde com o Todo, percebe a noção de Unidade, e a personalidade não resiste à experiência da Fusão.
É assustador. É revelador da mesma forma.
E de qualquer maneira, é a única forma de se chegar a este conhecimento que aos místicos é corriqueiro: Deus não é uma crença, não é uma imagem, não é um nome; Deus é uma experiência.
Quem morrer em meu nome terá a Vida Eterna, dizia o mestre.
Sim, trata-se de uma espécie de Morte. E o Ego não suporta tal idéia. Tudo faz e fará para permanecer, para não ver sua destruição, como se isso fosse possível.
A experiência de Vivenciar a Divindade não anula o Ego, flexibiliza-o, mostra que ele não é algo tão sólido e estável como possa parecer. Apenas isto.
Isso imediatamente nos transforma.


Torna-nos humildes e, ao mesmo tempo, felizes. Faz com que pela primeira vez entendamos a ligação que temos com todas as coisas da Criação e com as outras pessoas e os animais e a Natureza. Tudo acontece de uma única vez, mas não é ainda uma iluminação. É apenas o primeiro passo na direção da Luz, mas que passo.
Esta é a única e verdadeira iniciação, aquela que ocorre no coração, como lembrava Saint Martin. Lembremos disso quando lermos os filósofos que falam sobre, a favor ou contra a idéia de Deus. E nos apiedemos de suas almas. Pois uma experiência assim é uma bênção transformadora e quem ainda não passou por isso, não viveu. Nada na sensualidade, nos prazeres mundanos, equivale a intensidade desta experiência. É uma pena que alguns não tenham ainda vivenciado tal estado.
Verdadeiramente, uma limitação.
Uma triste limitação que produz discursos capengas e incompletos.
Paciência.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

PENEIRANDO ESOTERISMO EM LIVROS DE FILOSOFIA E DISCUTINDO O EMPIRISMO COMO BASE DO CONHECIMENTO ROSACRUZ


Por Mario Sales, FRC.:,S.:I.:,M.:M.:


Lê-se na página 15 de “Desejo, Paixão e Ação na Ética de Espinosa” de Marilena Chauí, o seguinte trecho:

"A palavra desejo tem bela origem. Deriva-se do verbo desidero, que por sua vez, deriva-se do substantivo sidus (mais usado no plural, sidera), significando a figura formada por um conjunto de estrelas, isto é, as constelações. Porque se diz dos astros, sidera é empregada como palavra de louvor – o alto – e, na teologia astral ou astrologia, é usada para indicar a influência dos astros sobre o destino humano, donde sideratus, siderado: atingido ou fulminado por um astro. De sidera, vêm considerare – examinar com cuidado, respeito e veneração – e desiderare – cessar de olhar (os astros), deixar de ver (os astros). Pertencente ao campo das significações da teologia astral ou astrologia, desiderium insere-se na trama dos intermediários entre Deus e o mundo dos entes materiais (corpos e almas habitantes de corpos). Os intermediários siderais, eternos e etéreos, exalam diáfanos envoltórios com que protegem nossa alma, dando-lhe um corpo astral que a preserva da destruição quando penetra na brutalidade da matéria, no momento da geração e do nascimento. Pelo corpo astral nosso destino está inscrito e escrito nas estrelas e considerare é consultar o alto para nele encontrar o sentido e o guia seguro de nossas vidas."



Aqui Marilena, filósofa espinosista, não está fazendo uma palestra esotérica, mas descrevendo crenças e valores dos anos de 1600 as quais dominavam as concepções desde os mais cultos até o populacho. Por que ciência não era imaginar a partir da observação, experimentar, e confirmar ou não confirmar uma hipótese.
Sendo uma filósofa, embora não a conheça pessoalmente, sei que o faz apenas no intuito de relato histórico de um contexto social específico, sem que isso signifique crença.
Há também a busca pela etimologia da palavra em questão, desejo, que ela vai trabalhar nesta primeira parte do livro em função da noção de desejo em Espinosa.
E para entender um conceito, em filosofia, gostamos sempre de pesquisar e conhecer a palavra que o representa.
Existem fortes vínculos entre idéias e palavras, entre as “palavras e as coisas”, para lembrar um maravilhoso livro de Michel Foucault que também trabalha encantadoramente as crenças e o chamado conhecimento daquela época do século XVI e XVII e aonde reconhecemos muitas falas que ainda hoje ouvimos dentro de Lojas, Capítulos e Pronaoi como se fossem esoterismo, sendo que, na verdade, refletem crenças de 400 anos atrás.
É isto que me preocupa com os "modernos ocultistas". Existe uma resistência extrema a dar o passo em direção ao científico, ao positivismo, havendo sempre o perigo de retornarmos às superstições do passado pelo encanto que nos atrai em seu discurso romântico e enternecedor.
A noção de unidade do Universo, a sensação que atravessa todos os místicos da presença de Deus, é tão contemporânea hoje como há 600 ou 1000 anos atrás, mas as construções ideológicas e de crenças que tentam dar um corpo a esta noção de União de todas as coisas variam de época para época.
Precisamos nos libertar das formas do passado, sem pena.
Tradição não é o antigo, é o eterno, aquilo que transcende o tempo e os costumes e esta é a diferença entre misticismo e superstição.
Depois de todo o esforço de Harvey Spencer Lewis para modernizar os textos esotéricos que teve nas mãos para uma linguagem contemporânea, de forma a facilitar o acesso de todos os que o desejassem ao conhecimento tradicional, via de regra noto a facilidade com que frateres e sorores abandonam a racionalidade e a prudência das monografias e mergulham em crendices paralelas, chegando mesmo a fascinar-se por oradores menores, charlatães e embusteiros disfarçados de Grandes Esoteristas e acabam por levar para dentro dos corpos afiliados, absolutamente fascinados, sem nenhum critério, os discursos destes mesmos indivíduos como se fossem o último grito do Ocultismo.
Pão requentado servido como uma iguaria.
É triste.
A AMORC não merece isso. Não construímos todos nós uma escola de Tolerância e Respeito às diferenças para que se transformasse em ambiente permissivo e sem critério a quaisquer superstições travestidas de ciência.
Os monitores culturais das diversas regiões do Brasil e Portugal devem ficar atentos quanto à qualidade das palestras feitas dentro de ambiente oficial da Ordem, seus corpos afiliados, para que não pareça que estamos pregando o discurso de outros dentro de nossa casa.
Por isso escrevi Doutrina e Orientação anos atrás, que aqui no blog está dentro do livro "Dialogos Rosacruzes, 3° seminário, 1a parte", para mostrar que existe sim um corpo de conhecimento rosacruz específico, uma doutrina rosacruz, em suma, e não sei por que este termo, na época do ensaio, tinha sido transformado em uma palavra ruim dentro de determinada abordagem de marketing.
Não é. Doutrina quer dizer Corpo de Conhecimento e Doutrinar significar única e exclusivamente ensinar uma doutrina , e é isto que fazemos em nossas monografias, passamos e ensinamos um corpo de idéias e valores que constituem, no seu conjunto, a Doutrina Rosacruz. Em boa hora, segundo informação que me chega hoje, a Ordem publica um glossário de termos rosacruzes, como no reconhecimento tácito de que certos conceitos chaves precisam ser restaurados e reavivados na memória de nossos membros, dada a bruzundanga filosófica que testemunhamos hoje nos corpos afiliados.
Como eu comecei transcrevendo um texto de uma filósofa, ou melhor, uma professora de filosofia, mostrando historicamente a relação de um conceito com o nascimento de uma visão de mundo, aqui gostaria de transcrever o que nós esoteristas consideramos informação técnica:

 "Denominado também de Corpo Astral, este mediador, composto de luz bipartida ou especificada (fluido nervoso)(??) e de luz bipartida volátil (fluido magnético)(???)  pode coagular ou dissolver, projetar ou atrair uma porção do fluido Universal. Ele possibilita ao Adepto influenciar toda a massa de Luz Astral, nela criando correntes e produzindo fenômenos surpreendentes , que a ignorância comum qualifica como milagres."

(“No Umbral do Mistério”, de  Stanislas de Guaita)




Não são palavras, mas informações (às vêzes incompreensíveis, como identifiquei com as interrogações), mas que se submetidas à verificação mostrarão resultados. É diferente de não experimentar, de não testar a informação, ou por preguiça, ou por falta de motivação. 
Uma vez ao final de uma palestra no Capítulo de minha cidade, um jovem que havia se mantido quieto todo o tempo durante minha fala aproximou-se delicadamente e me fez uma pergunta fulminante.
Após me ouvir falar contra os perigos da superstição dentro de um ambiente místico, questionou-me como separar um conhecimento dito esotérico de uma simples superstição.
Após responder eu tive que modificar o texto e acrescentei nas últimas linhas as considerações que fiz para ele sentado da escada da entrada do Capítulo.



E minha resposta foi: a diferença entre superstição e misticismo, no caso misticismo Rosacruz, é a possibilidade de que cada informação fosse passível de duas coisas das quais a superstição não é capaz: primeiro, estabilidade e universalidade quanto á sua reprodutibilidade: aquilo que verdadeiramente for uma técnica mística funciona aqui, na China, no Havaí, da mesma forma que em Nova Iorque, e qualquer um que aplique a técnica deve obter ao fim e ao cabo, resultados igualmente satisfatórios; segundo, verificabilidade: quando eu reproduzo uma técnica posso verificar sua antenticidade, pois se for apenas de uma superstição ou crendice, não poderá suportar o teste, não permitirá a verificação, e portanto, será apenas uma fantasia sem fundamento. O terceiro critério que na época não comentei com aquele rapaz, que Deus o abençoe pela perspicácia, foi que as técnicas místicas tem um caráter de eficácia cumulativo, tornando-se melhores e mais eficientes a medida que são usadas e a habilidade do usuário vai aumentando.



Por isso defendo a tese de que os rosacruzes devem retornar ao laboratório de onde nunca deviam ter saído.Temos hoje na AMORC, perdoem-me a sinceridade de artesão, discursos demais e ciência e empirismo de menos.
Spencer Lewis, aonde estiver, não deve estar satisfeito com isso.

ESPINOSA O APÓSTOLO DA RAZÃO

PORQUE ESPINOZA INTERESSA AOS ROSACRUZES


Por Mario Sales, FRC.:,S.:I.:,M.:M.:

Esta é uma questão que muitos podem ter se colocado, supondo que como este imaginário é meu, minhas recentes leituras e reflexões sobre Spinoza reflitam apenas um aspecto dos meus próprios interesses particulares, e mais nada.
Sim e não.



E óbvio que tenho simpatia pela sua abordagem e pela maneira lúcida como encara o comportamento humano, quanto a isso acredito que não há dúvida.
Porém existe outro motivo para que tanto eu como membro da AMORC e outros rosacruzes dediquem o seu precioso tempo ao estudo deste pensador ímpar.
A equação é a seguinte: como místicos, trabalhamos essencialmente com a nossa mente; dois são os aspectos mais importantes da mente, o pensamento racional e a imaginação. Dois pensadores são fundamentais ao aperfeiçoamento do ato de pensar e do ato de imaginar: o primeiro é Kant, o segundo Spinoza.



Kant com seu exímio e acurado trabalho de dissecação dos elementos constituintes do pensamento cria as condições para um pensamento eficaz e seguro. Se Descartes mostrou que sem um pensamento racional organizado não conseguiríamos senão erro e engano, foi Kant que mostrou como a mente funciona e como é possível melhorar a qualidade deste pensamento.
Quem conhece o que usa por dentro, usa melhor.
Já quanto a imaginação e a sensibilidade recebeu sua melhor compreensão através dos trabalhos de Espinosa.
Se é verdade que Espinosa achava, erroneamente a meu ver, como já discuti antes, que a imaginação em si e não um tipo  de imaginação determinado, fosse um perigo para o pensamento claro, mesmo assim foi por seu esforço que se caracterizou que uma imaginação descontrolada e mal orientada só é capaz de produzir superstições e preconceitos descabidos. Toda a sua obra é uma preocupação em esclarecer que a mente cartesiana, que alimenta pensamentos claros e distintos, é, ao mesmo tempo, tanto a mente que pensa com cuidado e metodicamente quanto a que está livre da superstição e da fantasia, do erro induzido por crenças infundadas, não correlacionadas à realidade material, ideias e convicções não compreendidas como resultado final de produções orgânicas e sociais, de fenômenos físicos e não espirituais.
Os rosacruzes trabalham amplamente com a Imaginação na prática da Visualização Criativa.



Eu sempre preguei em palestras e conversas que o Campo Mental é extremamente instável e sem referenciais claros como aqueles do mundo do Espaço-Tempo. Algo como a diferença entre o estado de Vigília e o estado Onírico.
Quem está acordado tem mais facilidade de se situar espaçotemporalmente; já em um sonho, presente, passado e futuro, alto e baixo se misturam de maneira tão complexa que muitas vêzes somos incapazes de estabelecer o significado de um sonho ou a razão de ele ter acontecido. Nos é difícil mesmo relembrá-lo por que como lembra Espinoza, a mente guarda melhor aquilo que é compreensível e não o que é absurdo.
Portanto ao entrar no campo mental, precisamos ter um pensamento claro, com idéias claras e distintas, imagens nítidas, e alguma forma de evitar olhar as emoções que possam estar em nós como adversárias desta clareza, mas sermos capazes de usar nossa paixão e nosso desejo para melhorar a intensidade e a força de nossa visualização.
Não são as emoções que nos perturbam, mas as emoções descontroladas; nem a vida do místico deve ser isenta de paixão, mas, pelo contrário, seu amor a vida deve ser incontestável, mesmo cônscio de que TUDO É ILUSÃO, o que não tira o valor e a beleza da experiência temporária na carne.
Filosofia pode ser também terapêutica, já que retira de nós lentamente, como se a carne desprendesse dos ossos, o preconceito e a ignorância.
Todo conhecimento nos alimenta, mas aprender a pensar com clareza e com lucidez nos fortalece.
É a “força que vem de dentro”, o discernimento, não erudição pura e simples, mas sagacidade, uma sagacidade fabricada pela Educação (aqui a educação psicológica, em todos os sentidos), esta energia poderosa que transforma o Mundo.
Por isso aos rosacruzes é solicitado que estudem a história da filosofia em um dos graus de seus trabalhos, para que sintam a sabedoria, a força e a beleza de poder entrar no Campo Mental sem ser vítima de sua instabilidade.
Só as mentes claras e lúcidas podem penetrar no campo da Visualização e usá-lo de maneira eficaz.
E para isso é necessário entender o mecanismo do pensamento e das paixões humanas.
Kant e principalmente Espinosa fizeram isto por nós.
Estudemos este autores, meditemos sobre sua obra.
Isto nos fortalecerá como místicos rosacruzes tanto quanto a nossa confiança no Cósmico.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

SCHOPENHAUER E KANT NA ANALISE DE ESPINOSA

Por Mario Sales, FRC.:,S.:I.:,M.:M.:


Schopenhauer aos 27 anos


Quem achou o meu último ensaio, desta minha fase espinosana como diz Reginaldo, mais ontológico do que lógico, na defesa de Spinoza das objeções de Kant, de certa forma está certo.
Só que precisamos lembrar de um livro precioso, o apêndice de “O Mundo como Vontade e Representação”, a obra de Schopenhauer, aonde ele faz, depois de um enorme arrazoado de desculpas, críticas ao solitário mestre da Razão Pura.

O Mundo como Vontade e Representação


Ao falar que Spinoza é o filósofo da paixão e do desejo enquanto Kant, por natureza, jamais poderia sê-lo, lembrava deste comentário espinosano de Schopenhauer, em que ele lembra que existe sim uma forma de perceber a coisa-em-si.
Para ele a coisa-em-si é incognoscível sim, mas experienciável, não através da mente, mas da autopercepção, dos sinais de nós mesmos que nos chegam através da vivência da força da vida em nós, que ele chamou Vontade, em suma, das informações que vem de dentro. Neste momento ele se comporta e pensa como um hinduísta: o mundo fora de nós, como o conhecemos, é uma Ilusão (Maya) e a verdade está na busca interior, que de forma indescritível, mas perceptível nos transforma; um enfoque mais orientalista do que este é impossível.

Deusa Maya, a Ilusão


O que há de estranho em Spinoza (como de resto em Schopenhauer) é sua identificação com uma linha de interpretação do mundo que pode ser revolucionária para este lado do planeta, mas que é bastante compreensível no outro lado, intolerável para o judaísmo da época, por razões tanto religiosas como sociológicas, mas em acordo com a doutrina cabalística, o misticismo judeu.
É bom ter estes fatos em mente antes de criticar este pobre místico do interior por sua paixão ao defender (desvario supor que Spinoza precise disso) a integridade do pensamento espinosano das restrições que lhe reserva Kant.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

CONSIDERAÇÕES SOBRE AS OBJEÇÕES DE KANT A ESPINOSA

por Mario Sales FRC.:,S.:I.:,M.:M.:

“Outro importante filósofo leitor de Espinosa foi Immanuel Kant (1724-1804). Sobretudo por três motivos. O primeiro deles está vinculado a uma divergência com relação à definição de Deus. Na interpretação de Kant, se Deus não é Providência[1], não tem intelecto nem vontade. De acordo com Espinosa, Deus age apenas conforme as leis de sua própria natureza, portanto, não haveria lugar nem para o dever moral, nem para a liberdade, já que tudo ocorre por necessidade.
O segundo motivo está associado ao primeiro. Para Kant, só podemos conhecer a realidade enquanto fenômeno - o que nos é oferecido pela experiência sensível e inteligível, podendo ser percebido e organizado por meio das categorias à priori do pensamento: o espaço e o tempo; mas não podemos perceber a realidade (que ele chama noûmenon, a coisa em si), que não é dada à nossa sensibilidade e ao nosso pensamento. Ou seja, Deus é noûmenon; logo, não pode ser conhecido, embora a razão possa afirmar sua existência. Assim, segundo ele, tudo o que Espinosa diz sobre Deus não poderia de fato ser demonstrado. Logo, Espinosa seria um dogmático.
A terceira objeção kantiana é a de que Espinosa seja um orientalista, isto é, afirmaria as mesmas crenças das religiões orientais (hinduísmo, budismo, taoísmo). Tal opinião também era partilhada por outros dois grandes filósofos: Hegel (1770-183l) e Schopenhauer (1788-1860). Na visão deles, ao afirmar Deus como única substância, Espinosa estaria dizendo que a realidade de fato é a própria substância. Assim, nós e todas as outras coisas da natureza, seríamos apenas maneiras de ser da substância infinita, ou seja, modos imanentes a ela, sem realidade própria, individual. Portanto, nessa condição, os indivíduos seriam absorvidos no Todo e suas personalidades se apagariam, tal como ocorre nas experiências místicas orientais.”



Trecho do artigo “Espinosa uma referência provocativa e necessária”, Revista Discutindo Filosofia, São Paulo, p. 35 - 37, 01 jun. 2007, de Marcos Ferreira de Paula, Professor adjunto de Filosofia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e doutor em filosofia pela Universidade de São Paulo (2009), foi orientado pela filósofa Marilena Chauí. Na França, sob a direção do filósofo Laurent Bove, realizou estágio de pesquisa no ano de 2008 na Université de Picardie Jules Verne (Amiens). É membro do Grupo de Estudos Espinosanos desde 2003, revisor dos Cadernos Espinosanos (2007) e membro do Grupo de Estudos Spinoza & Nietzsche (2007). Suas investigações sobre a filosofia de Espinosa começaram já durante o mestrado em Sociologia, realizado na Universidade de São Paulo (2003), onde também concluiu sua graduação em Ciências Sociais (1999). Atualmente, além da atividade docente no curso de Serviço Social da Unifesp - Baixada Santista, desenvolve uma pesquisa de longa duração sobre o problema metafísico do amor intelectual na Ética de Espinosa, sob supervisão de Marilena Chauí.




As objeções de Kant ao pensamento espinosano são no mínimo curiosas. Para relembrar uma frase de Espinosa, se somos triângulos, Deus nos parece triangular e se somos círculos, Deus, para nós, com certeza será circular. Kant argumenta, segundo o artigo do prof. Marcos Ferreira de Paula em epígrafe, que se Deus não é providência, se não pode interferir na realidade a todo instante, sem se ater às limitações impostas pelo funcionamento da mecânica do Universo; se, em suma, seguir apenas as ações redundantes da necessidade, não deve , em sua concepção, ter intelecto ou vontade. O mestre de Konisberg, o decifrador da fisiologia do pensamento, do mecanismo da razão chamada “pura”, não poderia conceber um Deus que não fosse nada mais, nada menos, do que o Supremo Intelecto.
Como os triângulos e os círculos, a ingenuidade do grande pensador foi pensar que pensar representa tudo que existe.
E se não for assim?
E se o pensamento for como parece ser, um modo de perceber o mundo, mas não o único, nem o melhor?
E se, dadas as suas características, o ato de pensar como definiu tão bem o próprio Kant, em função de não poder ver ou perceber a não ser o fenômeno, a aparência dos corpos, em vez do noûmenon, a coisa em si, nos traga apenas as imagens e conclusões possíveis dentro de suas limitações?
Espinosa era antes de tudo, um homem de coragem, despido da teatralidade divertida de Nietzsche, mas tão sagaz e penetrante como filósofo quanto este. E foi com esta coragem que ele transcendeu os limites da visão religiosa que dominou o mundo até a publicação da Ética.




Bergson dizia que todo homem tem duas filosofias: a sua e a de Espinosa. E tinha razão. Em filosofia, como na História, deveríamos marcar os acontecimentos em AE e DE, antes e depois de Espinosa. Esta primeira objeção de Kant, portanto, não é filosoficamente falando, suficientemente livre, enquanto reflexão, dos entulhos e crenças bíblicas que impediram que o ser humano não só pensasse, mas antes de tudo sentisse seu Deus com seu coração.
A originalidade de Espinosa foi a fonte aonde ele procurou os fundamentos de seu sublime texto.




Espinosa, não à toa, é o filósofo dos sentimentos.
Dito isso, ouso arriscar a tese de que o nobre Bento de Amsterdã não apenas escreveu seus livros com seu intelecto, mas, antes de tudo, descreveu de forma intelectual os seus sentimentos mais profundos.
Alguém que tenha a capacidade de não tentar colocar rótulos no Incognoscível, com certeza tocou às Suas vestes, roçou os Seus Sagrados Pés.
E toda vez que isto ocorre, não estamos falando de raciocínios e textos, mas de descrições de experiências, do relato de uma vivência, tão marcante e profunda que se torna uma marca indelével em nossa existência.
A humildade e a aversão deste singular pensador ao luxo e a coisas humanas são conhecidas.
Não era uma humildade forjada, mas sim a expressão sincera de um estado de paz interior semelhante ao estado de bem aventurança dos Iluminados. Sua beatitude não religiosa era tão marcante que se refletia em seu comportamento tanto quanto em seus textos.



Bachelard, autor de "A luz de uma Candeia"

Gastón Bachelard, o maravilhoso escritor francês, dizia que um filósofo não tem nenhuma obrigação com sua obra, no sentido existencial, que uma coisa é o pensador e outra seu pensamento.
Na contramão desta afirmação está a vida de Spinoza. Tão rigoroso e digno foi em sua prática cotidiana quanto em seu esforço de síntese reflexiva.
Era um homem bom e provavelmente, não ao lê-lo, mas ao compreendê-lo, esperaríamos que, ao encontrá-lo pela frente, estaríamos diante de um homem forte e “de ombros largos” (que em grego se diz Platão) e não este homem discreto, com um paletó surrado, absolutamente satisfeito com sua condição terrena e aparentemente sem ambições materiais.
Kant estava errado. O fato de Deus não parecer ter intelecto no entender de Spinoza apenas demonstra a coerência deste pensador, que sempre advogou o equívoco de querer interpretar o Desconhecido através de parâmetros pessoais.
Quanto a estar sujeito às necessidades, isto em nada desdiviniza o Criador, a julgar pelo raciocínio mais óbvio de que, como lembrava Spencer Lewis, se os instintos e as necessidades de cada ser humano estão em nós e funcionam de modo automático, foram colocadas em nós pelo próprio Criador e, portanto, todo instinto e toda necessidade básica humana é tão sagrada quanto Aquele que a colocou em nós.




A segunda objeção de Kant é risível. Alegando a nossa incapacidade de conhecer o Altíssimo, já que somos limitados em nossa percepção da coisa em si, Kant conclui que as afirmações de Spinoza são indemonstráveis e, portanto, dogmáticas.
Ora, se Spinoza é dogmático ao não definir os contornos de Deus ou ao postular a existência de uma substância única e infinita, da mesma maneira Kant o seria ao negá-lo por motivos intelectuais, já que Kant pensa o pensar, enquanto Espinosa descreve o sentir.
O que é o Dogma? Aquilo que não posso demonstrar racionalmente, aquilo que não permite discussão.
Como discutir o Desconhecido? É impossível.
Só que não é impossível senti-lo, reconhecê-lo dentro de nós mesmos, como demonstraria Schopenhauer na introdução de "O Mundo como Vontade e Representação", o que estabelece a diferença entre o método espinosano e o kantiano.
Enquanto Kant pensa Deus e o classifica de impensável, mas possível e provável, Espinosa sente-O em suas entranhas e reconhece-O em seu próprio corpo e em outros corpos, em Sua própria obra.
Espinosa não é o filósofo do pensamento, mas sim o filósofo da paixão e do desejo. Não pensa o Divino enquanto humano, mas descreve a Divindade de nossa própria humanidade.
Isso, um intelectual como Kant não seria capaz de fazer. Se há duas coisas que faltam a Kant, e isto todos concordam, é paixão e desejo.
Não se trata de um defeito, mas de sua natureza.
No enfoque mais espinosano possível, não se deve criticar ou sofrer com isso, mas compreender.
Se Kant olhava o mundo através de um espelho, Espinosa usava Lentes, e as movimentava, aumentando ou não a imagem ao seu bel prazer. Não há dúvida que DE, depois de Espinosa, nossa visão da realidade melhorou.




A terceira e última objeção Kantiana é de que Espinosa era um Orientalista. Isto não é uma objeção, mas uma constatação, a qual foi também percebida por Hegel e Schopenhauer, a qual em nada tira de seu trabalho profundidade ou refinamento.
Para nós místicos, o Ocidente ainda tem muito a aprender com o Oriente, principalmente quanto à técnicas não intelectuais, mas mesmo assim, e talvez até por causa disso, mais eficientes, de percepção do Real e do Divino.
Isto, no entanto, já é tema para outro ensaio
.

[1] Divina Providência, ou simplesmente Providência, é um termo teológico que se refere ao poder supremo, superintendência, ou ação de Deus sobre eventos na vidas das pessoas por toda a história. É a influência de Deus no futuro, onde ele decide o que irá acontecer no futuro e significa que nada acontece sem que Deus permita.