UM EXERCÍCIO SOLITÁRIO, POÉTICO E FILOSÓFICO, BASEADO NO PRECEITO ROSACRUZ DA MAIS COMPLETA LIBERDADE (POSSÍVEL) DENTRO DA MAIS PERFEITA TOLERÂNCIA (POSSÍVEL). O MARTINISMO E O ROSACRUCIANISMO COMO REFLEXÃO.
Multi pertransibunt et augebitur scientia (Muitos passarão, e o conhecimento aumentará).
quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
A IMPORTANCIA DA OBJETIVIDADE NA SUBJETIVIDADE
por Mario Sales
É no processo de visualização criativa que fica claro a necessidade da objetividade em um das mais subjetivas técnicas rosacrucianas. Visualizar com sucesso e materializar determinadas necessidades materiais (casas, empregos, cursos, etc.) depende principalmente da clareza e concentração da idéia em questão em nosso desejo e necessidade.
Uma imagem fraca, pouco nítida, ou uma motivação pouco definida e sem uma fundamentação em um motivo realmente importante são condições determinadoras de fracasso na técnica.
Uma imagem fraca, pouco nítida, ou uma motivação pouco definida e sem uma fundamentação em um motivo realmente importante são condições determinadoras de fracasso na técnica.
Tanto a imagem deve ser clara quanto os motivos para
visualizarmos o que desejamos também. É preciso saber tanto em nosso cérebro
quanto em nosso coração, com nitidez e contornos bem definidos, aquilo que
realmente queremos do Cósmico.
Uma pessoa insegura, para a qual as coisas podem ou não
podem ser, que confunde indefinição e desorganização com "livre
arbítrio", jamais vai materializar nada que necessite e é bem capaz de
vaticinar para outros: "Isto é fantasia, esta técnica não funciona".
Com ela com certeza não, mas não porque a técnica é ruim.
Ou o rosacruz busca qualidade em suas experiências ou
acumulará fracassos e se decepcionará. E nem todos os impressionantes conceitos
e técnicas que a rosacruz ensina são tão intuitivos assim.
É preciso praticar e aperfeiçoar a prática, com o máximo de
objetividade. Yogues meditam. Rosacruzes aplicam.
Visualização criativa não é a mesma coisa que sonhar
acordado. É na verdade uma construção mental. E como na construção de uma
catedral, é preciso suar e trabalhar muito. O resto não é visualização mas pura
fantasia.
CONVERSANDO COM FRATER FRANCISCO, SOROR MONICA E QUEM MAIS QUEIRA CONVERSAR 2
Mônica Lampe deixou um novo comentário sobre a sua postagem "CONVERSANDO COM MONICA":
Fr. Francisco,
Saudações! Sou grata por suas considerações dentre as quais destaco as seguintes:
"As ferramentas estão aí, nas mãos dos membros, basta ter vontade de usar, cada qual é responsável pelo seu desenvolvimento."
"Nossa senda é muito solitária neste aspecto e creio que assim deva ser."
A Jornada Iniciática é individual, por que cada ser é manifestação única da energia Divina, assim cada u cântaro possui sua singularidade e seu tempo de mesclar-se com o conteúdo até perder seus contornos.
Pergunto:
O fato de tentar equalizar os participantes sobres os conceitos e fundamentos Rcs não seria uma interferência no livre-arbítrio e ritmo pessoal? Não seria uma interferência maior ainda no Crivo Cósmico?
Concordo com o Fr. quando diz que " muitos serão chamados e poucos escolhidos"
Sinto que cabe-nos apenas sustentar o amor incondicional em nossos corações e seguir nosso ritmo pessoal, respeitando o ritmo, a vontade, escolhas de temas de aprofundamento, o conhecimento integrado através da experiência, as deficiências, a salada russa e o caminhar de cada um. Sinto que a RC respeita este ritmo pessoal incondicionalmente assim como os Mestres Cósmicos.
Um abraço fraterno e Paz Profunda
Minha resposta:
Sóror Monica, a soror dirigiu-se em seu comentário ao Fr. Francisco, mas quero meter o bedelho.
Quando eu, ou o Frater Francisco falamos em "tentar equalizar os participantes sobres os conceitos e fundamentos Rcs não seria uma interferência no livre-arbítrio e ritmo pessoal? Não seria uma interferência maior ainda no Crivo Cósmico?" estamos falando em dar e não em tirar alguma coisa de qualquer um que seja, nem que seja o chamado "livre" arbítrio.
Será que a soror acharia ruim que alguém da GLP lhe telefonasse preocupada com seu desempenho e absorção dos conceitos e ensinamentos rosacruzes?
Será que qualquer membro ficaria chateado em perceber em um email ou outro tipo de contato um real interesse em acompanhar se o membro alcançou real compreensão da técnica de visualização criativa? Será que rosacruzes tecnicamente mais competentes serão rosacruzes mais infelizes ou será que, finalmente, sua encarnação começará a parecer menos árdua, menos acidental, e mais relacionada a escolhas conscientes? Eis a questão.
Grande abraço sóror e obrigado por partilhar conosco suas posições.
Paz Profunda
quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
CONVERSANDO COM FRATER FRANCISCO, SOROR MONICA E QUEM MAIS QUEIRA CONVERSAR
OS PROBLEMAS METODOLÓGICOS DE SE TRANSMITIR O CONHECIMENTO E A TRADIÇÃO
Prezados Frater Mario e Soror Mônica: Saudações Rosacruzes!
Infelizmente há sim muitos e muitos membros que desconhecem nossa cultura,
tradição e história. Há ainda aqueles que fazem uma "salada russa"
com ensinamentos os mais diversos e que, de cultura rosacruz, nada possuem...
Muitos serão chamados e poucos escolhidos???? Dá para monitorar a vontade de
estudar de aprender, de ler, de refletir sobre os ensinamentos rosacruzes? Falo
aqui de vontade! As vezes vejo membros falando certas coisas e me pergunto: o
que ele(ela) faz aqui????!!!! Desculpem se soou arrogante, mas a idéia não é
essa. Tenho visto muito pouco interesse em aprender, em estudar e praticar em
casa(na vida) e mais ainda nos templos. Volto para a pergunta dá para monitorar
isso? Uma vez um mestre (já falecido) do Capítulo Rosacruz São José me disse
"ficamos anos e anos acumulando monografias num baú, um dia olhamos para
aquele baú, acordamos e nos damos conta do tesouro imensurável à nossa frente e
tentamos recuperar o tempo perdido". Realmente não sei se monitorar o
aprendizado intelectual dos membros é a resposta. As ferramentas estão aí, nas
mãos dos membros, basta ter vontade de usar, cada qual é responsável pelo seu
desenvolvimento. A soror Mônica tão bem lembrou que temos fases em que "damos
um tempo" e considero isso.
Nossa senda é muito solitária neste aspecto e creio que assim deva ser. Precisamos lutar contra nós mesmos, ultrapassar barreiras, sair da inércia... Mas não sermos monitorados como em uma escola. Concordo em certos aspectos que há sim muita coisa a ser melhorada na AMORC, mas descordo de muitas colocações que se faz neste canal, onde, dentro de seu direito, alguns membros falam coisas a respeito da AMORC que simplesmente desconhecem. Seria interessante, antes de falar, frequentar organismos por alguns anos, visitar organismos e melhor ainda, visitar a Grande Loja em Curitiba e conversar com seus funcionários, marcar entrevista com o Grande Mestre e conversar...creio que várias opiniões mudariam... Um fraterno abraço e Paz Profunda!
Nossa senda é muito solitária neste aspecto e creio que assim deva ser. Precisamos lutar contra nós mesmos, ultrapassar barreiras, sair da inércia... Mas não sermos monitorados como em uma escola. Concordo em certos aspectos que há sim muita coisa a ser melhorada na AMORC, mas descordo de muitas colocações que se faz neste canal, onde, dentro de seu direito, alguns membros falam coisas a respeito da AMORC que simplesmente desconhecem. Seria interessante, antes de falar, frequentar organismos por alguns anos, visitar organismos e melhor ainda, visitar a Grande Loja em Curitiba e conversar com seus funcionários, marcar entrevista com o Grande Mestre e conversar...creio que várias opiniões mudariam... Um fraterno abraço e Paz Profunda!
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Meu comentário:
Frater Francisco
Destaco as expressões "Salada Russa" e "o que
ele(ela) faz aqui????!!!! ".
Concordo plenamente. Não é arrogância do frater não.
É seriedade, a mesma seriedade que eu tenho com o que é
rosacruciano, só seriedade. Qualquer pessoa pode entrar na Ordem, todos são bem
vindos, não há critério maior do que a vontade genuína. Uma vez dentro, no
entanto, precisamos cuidar do que se chama pós venda, ou melhor, manter o foco
no nosso cliente, que é o nosso frater e soror neófitos. Eles precisam de
carinho e atenção, de acompanhamento didático sim. Eu sempre achei que as
monografias fossem muito didáticas e acessíveis. Pelo que vi, como o sr., Fr.Francisco,
em 37 quase 38 anos de AMORC, no Rio e em São Paulo, na Morada do Silêncio, em
Manaus, não é assim. Motivação pessoal não se controla, nem eu falei isso.
Regularidade e disciplina é uma prerrogativa do estudante, claro, óbvio, também
não era disso que eu estava falando. Eu estou falando de suporte conceitual e
didático nos pontos fundamentais da cultura rosacruz, e eles existem, as coisas
não são tão subjetivas e relativísticas assim.
Temos que ser dignos de nosso irmão rosacruz Comenius, que
há 400 anos atrás foi o fundador da didática moderna. Existem algumas coisas,
no conjunto das monografias, que deveria se ter certeza de que todo rosacruz de
AMORC entendeu ou ao menos teve contato com o conceito.
Comenius
Existem temas, chamemos de idéias força, que precisamos
trabalhar ao longo do tempo, não tem jeito, são anos e anos aperfeiçoando, mas
não é possível que não haja nada o que fazer para melhorar este ensino, que não
haja nada a aperfeiçoar, senão as monografias não precisariam ser atualizadas.
É um assunto pra discutir com frater Osvaldo, responsável por este trabalho.
"Salada Russa" e "o que ele(ela) faz
aqui????!!!!"
É culpa só do estudante, ou ele foi deixado ao relento,
cheio de espaços em branco em seu aprendizado, e na falta de um apoio mais
presente preencheu os espaços com o que conhece e acredita ser o certo, já que
ninguém lhe disse que não era?
A "Salada Russa" mais comum é aquela que mistura
rosacrucianismo e kardecismo. Culpa dos kardecistas ou falta de um espaço, não
em blogs ou fóruns como este, mas junto a própria GLP para esclarecer as
diferenças? E não é nem um tema polêmico entre a elite da AMORC. Um livro
antigo (Perguntas e respostas rosacruzes) de Spencer Lewis e um novo (História
da Rosacruz e seus mistérios) do frater Cristian, são absolutamente harmonicos
na visão deste caso em particular. Mas a "Salada Russa" continua. Por
que? Medo de ser mais claro quanto as
discordâncias entre uma e outra linha e perder mais membros, aumentando esta
sangria que não acaba? Ou falta de informação sobre o assunto? Não sei. Talvez
ambos. Agora, tem gente que não sabe o que é uma assunção, que não sabe quem
publicou os Manifestos rosacruzes, que embora a Ordem tenha uma linha ocidental
cristã, seu cristianismo era o dos protestantes e não dos papistas católicos,
tem irmão ou irmã que não sabe visualizar criativamente, que não sabe aplicar
uma mera técnica de cura do sexto grau, e coisas assim, estando já no 11° grau.
Isso faz sentido? Interromper aqui e ali o curso dos estudos, todo mundo
interrompeu, todos passaram pela noite negra, repito, não é disso que eu estou
falando, estou falando de responsabilidades administrativas educacionais que
uma instituição séria como é a nossa Ordem não pode abrir mão de assumir, por
respeito ao seu trabalho de correta transmissão da tradição. Aí não haveria
espaço para dizer a frase acima contemplando o baú de monografias: "ficamos
anos e anos acumulando monografias num baú, um dia olhamos para aquele baú,
acordamos e nos damos conta do tesouro imensurável à nossa frente e tentamos
recuperar o tempo perdido". Repito: é culpa só do estudante? Não é esse o
termo que usamos, "estudante"? Às vezes eu me sinto muito cansado de
ficar repetindo essas coisas, mas se um argumento tão simples como esse não é
facilmente compreendido sem toda esta discussão imagine os sagrados
ensinamentos que deveriam ser tratados com carinho e ATENÇÃO.Pra entrar, tudo
bem , todos são bem vindos. Mas pra ficar, e principalmente para ascender de
grau, as coisas poderiam ser muito mais cuidadosas.Em nome de uma Ordem mais
homogênea e fiel aos seus princípios de educadora mística de altíssima
qualidade. Quem ama cuida. Quem não ama, não liga, deixa assim mesmo, pra que
mexer?, vai dar trabalho.
Tá errado. A Ordem é a minha vida desde 17 anos de idade e
eu tenho 56 anos. Não posso olhar pra isso calado.
Quem ama cuida, não se pode achar que preocupar-se e dar voz
à esta preocupação seja contra aquilo com o que a gente se preocupa, só pode
ser a favor, quando melhor o nosso trabalho, maior a minha alegria. Mas
precisamos nos mexer.
O RESSENTIMENTO E O MISTICISMO PRÁTICO
por
Mario Sales
NOTA: Seria extremamente mais produtivo que antes de ler este ensaio, você assistisse os vídeos abaixo, pelo menos as aulas da psicanalista Maria Rita Khel, aos quais este comentário está vinculado.
É de "Princípios Rosacruzes para o Lar e para os
Negócios" que retiro o trecho abaixo:
"Visualização criativa não é a mesma coisa que o
mendigo que olha por uma vidraça o jantar de uma família abastada e espera que,
por meios mágicos, aquela comida possa ser compartilhada com ele sem que ele
nada precise fazer para que isto aconteça."
Este é um dos momentos em que Spence Lewis, nosso primeiro e
mais importante imperator para este ciclo de atividades nos lembra da importância
da maturidade psicológica e emocional como condições prévias a aplicação das
técnicas rosacruzes para o cotidiano.
Uma relação ingênua com a realidade prejudica e inviabiliza
muitas das poderosas ferramentas do rosacrucianismo, já que o mundo psíquico só
prospera em um ambiente psicológico são.
Toda vez que eu vou ao universo místico sem cuidar antes de
meus problemas psicológicos, de minha harmonia psicológica, geralmente o resultado
é a perversão do objetivo, ou por um projeto de poder através do
ocultismo ou através da criação de falsos agrupamentos esotéricos que visam
apenas e tão somente satisfazer o Ego, os Desejos e a Vaidade de seus
fundadores, como o caso de Aleister Crowley e de sua filosofia básica, Thelema.
Faço sempre distinção entre estas três palavras, Esoterismo, Misticismo e Ocultismo, entendendo Esoterismo
como conhecimento marcado pelo segredo, o ato ou protocolo de esconder dos
olhos dos não iniciados determinada informação através de códigos, juramentos,
símbolos etc.; Misticismo como a prática da busca interior da conexão com a
divindade (ou melhor, da conscientização da presença de Deus em nós, já que sem Sua Presença em nós nem existiríamos) seja através da prece, de certos
exercícios espirituais ou sons; e finalmente o Ocultismo, como conjunto de
práticas que visam obter controle das coisas da Natureza Terrena (Magia) ou das coisas
divinas (Teurgia) através de rituais, encantamentos e palavras.
Hoje, como Martinista, não Martinezista, e como Rosacruz, me
interesso muito mais pelo Misticismo, já que o Ocultismo, como já argumentei
aqui, é um procedimento arcaico e o Esoterismo, nesta época digital e
informatizada é algo quase impossível do ponto de vista formal, e somente o
esoterismo de conteúdo persiste (exemplo: esotérico não é aquele saber que eu
escondo em um cofre, mas sim o conhecimento de difícil compreensão pela sua
própria natureza, seja aquele simbólico-místico, filosófico ou técnico, seja a
Doutrina Secreta de Blavatsky ou um texto sobre física de partículas sub
atômicas).
O ressentimento que inviabiliza a prática do misticismo, (ressentimento no sentido como
está descrito nas palestras da psicanalista Maria Rita Kehl e na fala de da
pensadora e teatróloga Ayn Rand, que eu postei em vídeo no blog agora há pouco,
e que norteiam este comentário) pode ser percebida na infantilização com que
alguns praticantes de misticismo se relacionam com o Universo, não entendendo que
quando
falamos que, com a iluminação, toda a Criação conspira a nosso favor, não
queremos dizer que ela se torna magicamente nossa escrava, mas sim que por
ampliação de qualidade da nossa consciência nos tornamos harmônicos com ela,
absolutamente rendidos a sua vontade, que aí sim passa a ser a nossa vontade.
O verdadeiro poder vem da empatia entre o que somos e o que
a criação é, não de um processo de subjugação da Natureza ao nosso egoísmo.
Criar uma vida próspera mentalmente e transformar essa
visualização em fato, na vida material, só é possível quando estamos despidos
de egoísmo ou ressentimento, quando estamos livres de uma perspectiva infantil
de nossa própria relação com Deus. Saber que Deus proverá não significa
negociar com a Divindade, prometendo-lhes coisas materiais em troca de outras
coisas materiais, já que Deus não participa de tais estratégias nem as reconhece
como legítimas. O Altíssimo nos provê materialmente por que a abundância é a
natureza verdadeira da vida, haja visto as estrelas no céu e os peixes no mar.
Se a vida humana deve ser abundante como a Natureza é
abundante, porque tantos passam fome e sofrimento? Por não acreditarem que esta
abundância é a forma natural da existência, tomando para si a maldição bíblica
do "trabalharás a terra com o suor de teu rosto" ou "parirás com dor" como
paradigmas da existência e não condições circunstanciais históricas ou econômico-científicas.
E quando digo "acreditarem" uso uma palavra inadequada pois
não se trata de uma questão de fé, mas uma convicção íntima, uma vivência espiritual. Ou o místico já
percebeu em si, nos seus ossos, no seu coração, esta condição, e supõe-se que
atingiu o grau de consciência adequado a esta percepção, ou não há como
demonstrar tal fato, já que sem uma experiência pessoal teremos um diálogo de
surdos e o choque de crenças e convicções.
No máximo, podemos fazer o que o rosacrucianismo faz na
primeira iniciação de templo: prometer este conhecimento, este poder, esta
empatia com a vontade divina como consequência da vivência rosacruciana, embora
não se especifique ali que tal poder só contempla aquele que extraiu de si todo
ressentimento contra qualquer dificuldade que tenha atravessado.
Um homem ressentido acha sempre que o Universo lhe deve
alguma coisa, que seus problemas não foram causados por suas escolhas, que ele não está sujeito a lei do Karma que ele mesmo construiu e constrói todos os dias.
Ele atribui seu sucesso ou fracasso aos números, aos odores dos incensos, ao
pensamento negativo de outros, às maldições que lançaram sobre ele, porque,
supõe ele em sua infinita vaidade, todos o invejam, e ele é uma vítima de sua
própria luz.
Prestem atenção: só os carros mais velhos tem plásticos
comentando a inveja como um problema. São os mais incapazes exatamente os mais
inconscientes de sua responsabilidade em sua própria incapacidade, seja esta
incapacidade moral, técnica ou financeira.
É preciso virar o jogo e o começo é mudar a cabeça, a visão
de mundo. Primeiro, conscientizar o próprio ressentimento, afeto que, como
lembra Maria Rita Kehl, não é um afeto único mas uma constelação de afetos,
composição esta que inclui mágoa, inveja, raiva e desejo de vingança, vingança
contra aqueles que na sua fantasia o ressentido a culpa pelo seu próprio
fracasso.
Somos o que somos por causa de nossas escolhas e pela
maneira como encaramos principalmente as escolhas ruins.
Errar e a morte física são as únicas certezas da existência.
Só o que podemos é escolher o que fazer com nossos erros e não evitar de
cometê-los. Se os considerarmos como fonte de sofrimento, assim será. Se os
considerarmos, entretanto, como fonte de aprendizado, elementos de correção de
rumo de nossa Vida, assim será, da mesma forma.
Tentar, errar, aprender, tentar de novo, agora com mais
conhecimento. E acima de tudo, persistir na busca. Este é um conhecimento de
poder, isto é Força, Vida, ou nas palavras de Nietzsche, Vontade de Potência.
Não esqueçamos nunca que o Universo não nos deve nada e nem nós a ele; tudo que está a nossa frente é para ser desfrutado, em sociedade com a Criação.
Esta é a fórmula da Prosperidade física e espiritual, já que uma não anda sem a outra, como lembrava Max Webber, e como todo iniciado rosacruz sabe.
Esta é a fórmula da Prosperidade física e espiritual, já que uma não anda sem a outra, como lembrava Max Webber, e como todo iniciado rosacruz sabe.
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
CONVERSANDO COM MONICA
diálogos com leitores
Diz a sóror Monica:
Tenho acompanhado as
discussões neste blog que acredito serem válidas. E expresso aqui o que sinto
quanto ao acompanhamento pela Ordem da formação dos membros - é a vida que faz
o acompanhamento, quando se recebe uma iniciação em loja, na sequência vem uma
iniciação da vida, para avaliar se o membro passou mesmo de um grau a outro. No
templo recebemos informações para relembrar os níveis de Consciência que já
somos, alguns relembram com a iniciação outros não e permanecem como estão. no
teste da vida, alguns se dão conta que é mais um nível da iniciação e outros
não. Assim, quem está apto a passar pelo teste, o fará conscientemente. É a
forma que o Sagrado tem de se preservar, o Sagrado só se revela para quem
estiver pronto. Não cabe a Ordem fiscalizar, monitorar ou acompanhar o
desenvolvimento de seus membros como uma escola primária. O despertar da
consciência é individual com um ritmo particular para cada ser único, não é
algo monitorável da forma como o fr. coloca. Aprecio a ideia de se criar um
fórum, ou grupo de estudo e partilha dos conhecimentos, desde que estes fóruns
não sejam palco para egos proeminentes expressarem seu nível de conhecimento,
transformando os encontros em monólogos enfadonhos, e sim, sejam fóruns
circulares, de compartilhamento de ideias, dúvidas, conhecimentos, sabedoria e
principalmente vibrações de amor e luz...onde os frateres e sorores possam
comungar no verdadeiro sentido.
Sóror Monica Lampe
minha resposta:
Sóror
Que a vida é a
"professora pública" como dizia Nietszche, concedo.
Que as monografias
não são o único caminho, com certeza não são, fazem parte do processo, são uma
das pernas do banco aonde sentaremos.
Que " o
despertar da consciência é individual com um ritmo particular para cada ser
único" e que este aspecto da evolução não possa ser monitorado, também
concordo.
Mas que " não (caiba)
a Ordem fiscalizar, monitorar ou
acompanhar o desenvolvimento de seus membros como uma escola " discordo em
gênero, número e grau.
Existem dois tipos de
perspectivas aqui misturadas.
Uma a avaliação da
evolução espiritual, impossível de ser mensurada e acompanhada.
Outra, muita mais
prosaica, é a evolução cultural do membro, em relação a cultura rosacruciana,
as técnicas fundamentais, espalhadas ao longo das monografias, neste que é o
mais longo curso por correspondência que se tem história.
É uma posição
perigosamente omissa que tem gerado uma grande quantidade de estudantes
desmotivados e sem noção de valores básicos de nossa tradição porque não o
conhecem, por que não abrem nem seus pacotes quando o recebem, como descrito em
outro ensaio daqui do blog por título" Sim , sou rosacruz, mas não
praticante".
Se as monografias são
enviadas em ritmo anárquico, sem critérios, sem avaliação de desempenho, então
que não sejam mais enviadas, elas não
são necessárias.
fraternalmente
Mario Sales
sábado, 26 de janeiro de 2013
A IMPORTANCIA DO NADA
por Mario Sales
Existe um grande desespero na maioria das pessoas, uma enorme falta de espírito e de alma, que etimologicamente nomearíamos como um des-animus. Todos tem problemas e grande parte da humanidade acredita que seus problemas são os piores e os mais importantes e que suas mágoas e angústias deveriam sim receber uma maior atenção de pessoas, anjos, santos, mestres invisíveis, e até de Deus.
É uma forma de imaturidade psicológica, que faz a pessoa em questão considerar-se presunçosamente o centro do Universo.
Este tipo de comportamento mental é de interesse muito mais psicológico do que místico. Este é um ponto recorrente do meu discurso, de que aos místicos deveria ser recomendado uma avaliação psicológica antes de entrar no ambiente esotérico.
Se o esoterismo e o misticismo não é para todos, imagine o Ocultismo. Saint Martin alertava quanto a isto. O Ocultismo pode ser fonte de sofrimento e até de loucura, não é um caminho seguro, muito menos prático.
Ferdinand de Saussure
Quanto ao aspecto psicológico, basta ler o último capítulo do livro "Princípios Rosacruzes para o Lar e para os Negócios" de H.Spencer Lewis, que se intitulava na edição antiga da Coleção Renes, "O Esqueleto no Armário", ressaltando que o fracasso na arte da visualização criativa , na maioria das vezes se dava , não por deficiência da técnica, mas por imaturidade psicológica do praticante, que na maioria das vezes está bloqueado por complexos e inseguranças provenientes de questões de natureza pessoal.
Pessoas com estas limitações não conseguem sequer dialogar ou compreender um argumento que lhes seja apresentado, tamanho o grau de pré-conceitos e limitações que possui em seu interior.
Não é possível con -versar com elas, falar com elas.
Porque apenas falar não é, pois, suficiente, para se transmitir uma mensagem.
É preciso que existam do outro lado pessoas dispostas ou capazes de escutar o que está sendo dito, capacidade esta que não é uma opção, mas uma condição, existente ou não existente. Algumas pessoas sabem ouvir, sabem receber uma determinada mensagem, sem resistência, sem atropelos, sem dramas, o que não quer dizer que concordem com o que estão recebendo, com o que estão ouvindo.
Existem pessoas especiais que sabem escutar e que escutam com todo o seu ser.
Não querem apenas ser ouvidos, por causa de um desespero às vezes inconsciente por consolo para sua dor em viver uma vida aparentemente insuportável.
Sabem ser passivos e ativos de maneira harmonica.
Como são bons ouvintes também são bons falantes, os falantes de Saussure, o linguista suíço (Ferdinand de Saussure Genebra, 26 de novembro de 1857 — Morges, 22 de fevereiro de 1913).
Falam com pausas, alternando som e silêncio, com ritmo, seguindo uma linha de raciocínio clara, analisável, passível de ser decomposta e criticada.
Só o pensamento claro permite a análise. Ele jamais é autoritário, porque dada a sua clareza seus pressupostos são transparentes, não estão ocultos por expressões vagas, genéricas e opacas, não estão distorcidos por palavras de ordem, chavões ou lugares comuns.
Edmund Husserl
Não são completos por que nada o é, e portanto facilitam outras perspectivas, outras maneiras de contemplação, como uma figura geométrica oca.
Como não são completos, porque nada o é, inserem-se na classificação de degraus, e não de escada pronta.
Permitem um ou dois passos de evolução no pensamento de quem os escuta, mas não oferecem todo o processo de ascensão. Outros degraus podem ser acrescentados a ele e por isso, e apenas por isso, servem ao seu papel de contribuir para a construção da escada na sua completude.
Pensamento claro é um atributo de ouvintes competentes para receber qualquer mensagem, e depois de analisá-la, retransmiti-la aperfeiçoada e enriquecida pelas emendas de um intelecto ativo, que constrói junto com outros construtores a realidade a nossa volta.
Deus fez o homem, diz o Cabala, para retificar a Criação, corrigi-la, aperfeiçoá-la, criá-la e recriá-la junto com Ele, porque nada está pronto, tudo em nós e fora de nós é um processo em andamento.
Quem permite assim um tal fluxo de vida transpassar seu ser garante quantidade infinita de inspiração, uma energia sempre fresca e renovada, como a água de um riacho que passa livre entre as pedras, sempre transparente, sempre limpa.
Uma outra imagem: é a janela mais transparente que permite a melhor passagem da luz do Sol.
Sempre que ouvirmos um argumento, que lermos um texto, é preciso que ouçamos e leiamos com a mente adequadamente vazia de preconceitos, o que em filosofia chama-se Fenomenologia, a brilhante ferramenta de Husserl, Edmund Gustav Albrecht Husserl (Proßnitz, 8 de Abril de 1859 — Friburgo, 26 de Abril de 1938) foi um matemático e filósofo alemão.
Dizia ele que era impossível despir-se de preconceitos ao analisar uma idéia, mas era possível, para alcançá-la em seu sentido mais fiel, retirar da nossa primeira compreensão daquela idéia nossos próprios pressupostos preconceituosos, o que ele chamava de "redução fenomenológica", e eu chamava na faculdade de descascar a cebola, casca por casca.
O que resta, depois de retirarmos nossas próprias idéias, é a idéia verdadeira, não o nada, pois o Universo, é um axioma do misticismo, não tolera o vácuo ou a inércia.
Quando falamos em Nada, portanto, falamos não da inexistência, mas de uma diminuição importante do entulho das idéias e processos mentais que impedem a percepção interna e externa da Voz do Silêncio, como chamava Blavatsky.
Não devemos temer, portanto, o chamado Nada.
Este pseudo-nada é uma ferramenta importante até para aprendermos a ouvir o outro, para realmente conseguirmos escutar o que o outro quer realmente nos dizer, sem precipitação, ansiedade ou hostilidade.
Depois de uma boa escuta, nem mesmo palavras são necessárias. O silêncio pode ser, quando oportuno, a única resposta possível e a única realmente necessária.
Voces devem estar se perguntando do porque desta reflexão, já que tudo na vida, menis o Altíssimo, tem explicação.
É por que voces não recebem os comentários que eu recebo.
Se recebessem, o sentido de todo este arrazoado ficaria muito, mas muito mais claro.
sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
Para Debate: A CARTA DE JEAN CHABOSEAU
por Jean Chaboseau
“Nosso lembrado Irmão Augustin Chaboseau ( co-fundador da primeira Ordem Martinista administrativamente organizada juntamente com Papus, e é importante salientar que documentos da época de Papus atestam que Papus e Augustin Chaboseau iniciaram-se mutuamente, unindo as duas correntes de que eram depositários, para não deixar dúvida quanto à legitimidade das iniciações que portavam e que remontavam a Saint-Martin) escreveu algumas notas sobre o que chamou de sua “Iniciação” pela sua tia Amélia de Boisse-Montemart, que não deixam a menor dúvida a respeito, tratava-se unicamente da transmissão oral de um ensinamento particular e de certas compressões das leis do universo e da vida espiritual, o que em nenhum caso pode-se considerar uma iniciação ritualística propriamente dita.
Augustin Chaboseau
FONTE: Hermanubis Martinista http://www.hermanubis.com.br/artigos/BR/ARBRALivreIniciacao.htm
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
HARVEY
por Mario Sales
Acabei de rever "Meu Amigo Harvey", um filme de
1950, com James Stewart, em preto e branco, dirigido por Henry Koster. O filme
é baseado na peça de Mary Chase, vencedora do prêmio Pulitzer. Existem cópias
em DVD na Saraiva e em Blueray na Cultura, via internet.
A história é simples. Após o enterro da mãe, talvez por causa disso, Elwood P. Dowd volta para casa modificado. Alega ter ao seu lado permanentemente um coelho de 1,90m, invisível para todos menos para ele, chamado Harvey, com o qual se relaciona, conversa e frequenta, para divertimento de todos que já o conhecem, um bar chamado Bar do Charlie.
Henry Koster
A história é simples. Após o enterro da mãe, talvez por causa disso, Elwood P. Dowd volta para casa modificado. Alega ter ao seu lado permanentemente um coelho de 1,90m, invisível para todos menos para ele, chamado Harvey, com o qual se relaciona, conversa e frequenta, para divertimento de todos que já o conhecem, um bar chamado Bar do Charlie.
Elwood P. Dowd é um homem pacato, gentil, educado, que
encarna perfeitamente a frase do Bhagavad Gita que diz que o homem iluminado
não vê diferença entre o bhrâmane, o elefante, o cachorro e o comedor de cachorro
(pária).
A todos que conhece ou encontra, mesmo que estranhos, trata
com delicadeza e oferece polidamente seu cartão e sistematicamente convida-os
para cear em sua casa, de uma forma sincera e direta, não um convite formal,
mas um convite real, que sempre que é recusado em função de uma impossibilidade
de momento pelo interlocutor recebe o questionamento : "Quando
então?" demonstrando real interesse em receber o convidado.
No decorrer da história esta é a dúvida: uma crença
inofensiva e que faz de alguém uma pessoa melhor pode ser tratada como um
problema ou deve ser entendida com uma bênção, um toque do alto, que transforma
pessoas comuns, não em loucos mas em seres incomuns?
O filme é um elogio ao sonho e ao delírio, à capacidade de
sonhar e ao direito de conviver com este sonho, desde que ele sustente uma
atitude positiva em relação ao mundo e às pessoas. É também uma crítica sutil e
mordaz da sanidade entendida como a "normalidade", ou normose, como
Hermógenes gosta de chamar, os parâmetros que fazem tábula rasa de todos os
seres, independente de suas origens e características culturais e
antropológicas.
Todos somos diferentes. E o delírio pode ser apenas isso,
uma forma de manifestação peculiar, não uma patologia, não algo a ser tratado
ou suprimido, mas algo a ser contemplado e avaliado no seu potencial de causar
lucro ou prejuízo ao seu protagonista.
Existem relatos de delirantes fundamentais na história da Humanidade. Muitos
diziam ouvir a voz de Deus, outros ouviam música em suas cabeças muito, muito antes
dos aparelhos portáteis que todos carregam hoje em dia.
Moisés conversou com uma sarça ardente, contou ao seu povo,
e nem por isso foi internado. A guerreira mais corajosa de França era uma
mulher que ouvia vozes.
Sem comentar Van Gogh, Santa Teresa Dávila, ou São Francisco
que abandona uma posição social nobre e opulenta para despir-se totalmente de suas roupas em plena Assis
e partir para uma vida de entrega aos necessitados e aos animais, nossos irmãos
em Cristo, segundo ele.
Loucos? Ou seres peculiares?
Será que esta peculiaridade, esta diferença em relação aos padrões
de uma normalidade triste, medíocre, cinzenta, é realmente uma patologia?
Ah, não me entendam mal, existe a doença, a Loucura
Violenta, agressiva a terceiros ou ao próprio doente, uma loucura que traz
sofrimento, embaraço, angústia.
Estes são casos para a medicina, para os psiquiatras, para
os que trabalham para dar condições de vida mais digna à todos aqueles que dela
precisam.
Nem todos que vêem o Invisível , entretanto, nem todos os
peculiares, os estranhos e singulares, os que tem seus pés apoiados entre dois
mundos, precisam da intervenção dita terapêutica.
Crenças podem ser a base de todo Mal, de superstições e fantasias
as mais prejudiciais; da mesma maneira, são as crenças de um ser humano que o
sustentam, são suas convicções em relação a natureza do mundo, suas posturas
filosóficas, feitas apenas de ventos e sombras, que dão solidez e coragem aos
seus dias e às suas escolhas.
A objetividade é um remédio contra o obscurantismo, o
empirismo fundamenta nossas decisões e nos dá uma ciência útil e produtiva. Mas
sem o sonho, sem a imaginação, sem a peculiaridade dos gênios da ciência, da
arte e da fé, jamais chegaríamos aonde chegamos.
Se para se ter uma fogueira necessitamos de toras de madeira
densas, palpáveis e inflamáveis, sem o fogo que as consome jamais a acenderíamos, jamais desfrutaríamos de seu
calor.
Abençoados os que crêem, pois eles verão a face de Deus.
Abençoados os loucos do bem, que transcenderam esta triste "normose"
do objetivo e do palpável e que conseguiram
ver além do que está diante de seus olhos.
É um filme didático para os místicos.
Vejam o filme. Entenderão de uma maneira artística tudo que
tentei dizer.
domingo, 20 de janeiro de 2013
MARISA MONTE E A MEDITAÇÃO
por Mario Sales
Ouvindo Marisa Monte depois de meses.
A voz melodiosa confirma a tese de que o som tem efeito
físico e emocional, principalmente o som agradável, harmônico, cálido.
É inevitável a sensação de ternura e tranquilidade,
inevitável.
Hermógenes, meu velho e querido decano de Associação
Brasileira de Professores de Yoga, não acreditava na meditação com música.
Dizia que se buscávamos o silêncio mental, qualquer som interferiria.
Meditação com música de fundo, segundo ele, não era
meditação, mas relaxamento, algo completamente diferente da meditação que exige
um estado de atenção absoluto, que embora seja quietude é tensão de fluxo, como
a discreta vibração de um cano quando a água passa por ele com muita pressão.
A pressão é um atributo da velocidade do fluxo e ao mesmo
tempo, sua causa.
Mente livre de obstruções, de obstáculos ao fluxo, (livre
das ilusões do ego que aqui ganham uma densidade atroz, capaz de interferir com
o resultado da própria meditação), é um canal limpo para a passagem da energia
que vem do Centro de toda a vida, contínuamente, trazendo na mesma onda,
condições para a existência e informações para a otimização do desempenho do
ser que vive.
Intuição é conexão, mas vida também é. Sem esta conexão é
impossível existir a própria vida.
Mestre Hermógenes está certo.
Meditação é silêncio externo e fluxo interno.
Os passos são esses e sua ordem não muda desde os Rishis: os
quatro passos do Samyama Yoga - prathyahara (abstração do meio à sua volta, que
pode ser treinado, praticado como um exercício), dharana(concentração em um
ponto da energia mental, que também pode ser treinado, praticado como um
exercício), dhyana(um estado em que se está ou não se está, que não pode ser
praticado, nem treinado, mas apenas desfrutado, estado meditativo, gradualmente mais perfeito,
durante a permanência do estado), para então entramos em Samadhy, ou Nirvana
para os Budistas, ou despertar da Consciência Cósmica para os rosacruzes.
Quatro passos. Quatro fases. Apenas quatro fases para a Luz.
Curioso ter feito todo esta reflexão e quase ter entrado em
Samadhy ouvindo um som, a música mântrica de Marisa.
Mantras também podem induzir o estado meditativo.
Como a música de Marisa.
sábado, 19 de janeiro de 2013
sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
O BEM E O MAL EM ESPINOSA
por Mario Sales
Acaba de ser publicado em edição primorosa pela editora Autêntica, com tradução de Emanuel Angelo da Rocha Fragoso e Luis Cesar Guimarães Oliva, com um pertinente prefácio de Marilena Chauí, o volume em português do "Breve Tratado de Deus, do Homem e de seu Bem Estar", de Baruch de Espinosa, manuscrito entregue pelo mesmo, salvo engano meu, ao seu amigo, o médico Lodewijk Meijer, em fevereiro de 1677, mês e ano da morte do filósofo.
Emanuel Fragoso
Marilena Chauí, filósofa espinosana
Espinosa
Chamo atenção para a página 86, capítulo X, "o que são o bem e o mal", aonde com aquele estilo espartano e com veleidades de precisão matemática, Espinosa aborda o tema com graça e elegância, intelectual e humana. Diz ele no item 2:
"Assim se põe agora a pergunta, se o bem e o mal se incluem entre os ENTIA rationis (entes da razão) ou entre os ENTIA realis (entes reais). Mas posto que o bem e o mal não são outra coisa senão relações, então está fora de dúvida que devem ser colocados entre os ENTIA Rationis, pois jamais se disse que algo é bom, senão em relação a outro que não é tão bom ou não nos é tão útil quanto o primeiro. E assim, quando alguém diz que um homem é mau, não o diz senão com relação a um outro que é melhor; ou, também, que uma maçã é má, senão em relação a outra que é boa ou melhor. Tudo isso seria impossível poder dizer, se esse melhor ou bom, em relação ao qual ela foi classificada como tal, não existisse." A precariedade de nossos julgamentos e a enorme variedade de conceitos de bem e mal espalhados pelo mundo, nas diversas épocas e culturas, encontra no relativismo espinosano uma explicação simples e coerente.
O CONCEITO DE EGRÉGORA
por Mario Sales
Como responsável por dois anos pela monitoria cultural de
minha região da AMORC, elegi como tema prioritário a discussão do fenômeno da
superstição.
Como místicos, para lembrar uma frase de um livro de
Somerset Maugham, andam no fio da navalha, entre um mundo invisível e outro
visível, manter um atitude equilibrada e uma mente clara, livre da superstição,
é na maioria das vêzes muito difícil.
O conceito de Egrégora sofre com este fenômeno e mais de uma
vez senti no tom de voz de alguns irmãos um pressuposto de que "uma vez
que estamos envolvidos na egrégora estaremos protegidos de todo mal".
Lembremos que informações históricas dão conta de que nosso
imperator entre os séculos XVI/XVII, Francis Bacon, após uma vida de glória, acabou
seus dias, não com serenidade, mas na masmorra da torre de Londres, ou que
nosso irmão, o sublime mago e alquimista Cagliostro, Giusepe Bálsamo, terminou seus
dias, da mesma maneira, na prisão da Bastilha. Lembremos ainda Lavoisier, irmão da
rosacruz, barbaramente decapitado na Revolução Francesa.
Estes eram rosacruzes da elite, irmãos que encarnavam em si
o espírito da Ordem em suas épocas.
Não podemos negar que estes homens estava mergulhados na
egrégora da Ordem, a qual não os protegeu de destinos trágicos.
Para ficarmos em exemplos mais próximos, lembremos meus
cursos na Morada do Silêncio, de revisão do sexto grau de Templo, o grau da
Terapia Rosacruz.
Lá, em ambiente absolutamente tranquilo e propicio,
discutimos aspectos da aplicação da técnica de cura dos rosacruzes, baseada na
harmonização interna das energias do corpo e da mente.
Pois é exatamente lá que recebo, não todos, mas muitos
rosacruzes altamente debilitados, com histórias pessoais de dificuldades graves
de sua saúde, ou em andamento, ou pela qual teriam passado recentemente.
Já li na revista O Rosacruz, faz algum tempo um artigo cujo
título era sugestivo: "Porque tantos rosacruzes adoecem?", como a
questionar que os portadores de um conhecimento milenar de domínio sobre os
elementos básicos de uma vida equilibrada, fossem, ao mesmo tempo, incapazes de
aplicá-lo. Neste caso a Egrégora não teve um
papel de escudo contra o mal, se é que podemos usar esta expressão, a qual
implica em uma compreensão supersticiosa do papel do fenômeno energético da
egrégora ( do grego egrêgorein,
velar, vigiar) em si. A egrégora é um campo que
interliga uma assembléia focada em objetivos comuns.Como o pensamento é energia e cada
pensamento tem um padrão vibracional próprio, se muitas mentes comungarem
pensamentos iguais, valores iguais, acabarão harmonizando-se umas com as outras
e este somatório de mentes harmonizadas será conhecida como a egrégora. Quando acontece tal harmonização,
não estabelecemos um campo de proteção, mas um campo de vibração comum, aonde
compartilharemos um único padrão mental só se a qualidade dos pensamentos for
muito, muito semelhante. Na maioria das vezes, como os
padrões mentais dos envolvidos nesta egrégora são muito heterogêneos, o campo é
a resultante do encontro destes padrões mentais individuais diversificados,
podendo em alguns casos elevar o padrão vibratório de um indivíduo, mas, da
mesma forma, rebaixar o padrão vibratório de outro. Neste sentido, um sadhu e gúru da
Índia moderna, Ramana Maharishi, dizia que a ignomínia de um único homem
rebaixa toda a humanidade, da mesma forma que o gesto de bondade de um único
ser humano eleva toda a Humanidade. Assim, na verdade o que uma
egrégora faz é partilhar o karma de uma determinada Organização ou grupo e não
proteger este grupo, indivíduo por indivíduo, de algum mal físico ou mental. A Lei do Karma funciona para todos
nós e cada um de nós é responsável por seu próprio karma. O fato de pertencer a esta ou
aquela escola esotérica não nos torna isentos de responsabilidades pessoais seja
perante o Universo, seja perante nossa própria história pessoal. Egrégora é comunhão, não proteção,
é o encontro de mentes, que a partir disso, começam a ser alimentadas com
informações ligadas aquele tipo específico de comunhão, como inspiração para
compreensão de determinados conceitos místicos mais elevados. Proteção verdadeira é aquela que
advém de uma vida física e mental serena e da colocação de nossa existência
totalmente nas mãos do Altíssimo, ou pela oração ou pelo estado devocional
semelhante ao dos bakhtis yogues. Isto sim gera um bom karma.
quinta-feira, 17 de janeiro de 2013
terça-feira, 15 de janeiro de 2013
CHOOGYAL NAMKHAI NORBU
por Mario Sales
Choogyal Namkhai Norbu
Terminei de assistir o filme "My Reencarnation", disponível em http://www.movie2k.to/My-Reincarnation-subtitled-watch-movie-1487218.html, cujo link me foi enviado por um leitor anônimo, filme que narra a vida e o relacionamento do Mestre Budista Tibetano Choogyal Namkhai Norbu e seu filho ocidental, Yeshi, o qual foi reconhecido como a reencarnação de um famoso mestre espiritual, razão do título do filme, e a vida de ambos em plena Itália moderna, aonde o Oriente e o Ocidente, o Muito Antigo e o Muito Novo se encontram.
Yeshi Silvano
Choogyal é casado com uma italiana nata e com ela tem um casal de filhos, do qual Yeshi é o mais velho.
É um relato comovente pelo caráter humano , pois não só descreve o cotidiano de Yeshi e seu pai por vinte anos, mas além disso, mostra o conflito interno de Yeshi em aceitar a idéia de ser a reencarnação do tio e ex mestre de seu pai, Kyentse Rimpoche, morto sob tortura pelos chineses, durante a invasão.
Se em território tibetano, ser reconhecido como a reencarnação de um homem sábio é absolutamente normal e louvável, para alguém nascido e criado na Itália pode ser um transtorno psicológico e existencial. É interessante acompanhar as dúvidas, as hesitações e a sinceridade que a narrativa demonstra em expor todas estas nuances do processo de recuperação de memória cármica hoje, em nossos dias, não por um monge, mas por Yeshi, italiano, europeu e um ex funcionário da IBM, por formação um indivíduo adaptado a resolução de questões corporativas, empresariais.
É um filme comovente porque além de mostrar as vicissitudes dos exilados tibetanos sem qualquer pieguice, mostra também a possibilidade de convivência entre a tradição e a modernidade, independente das dificuldades em que tal relacionamento sempre implica.
Existe um momento especialmente interessante para rosacruzes aonde acontece uma reunião administrativa do centro de ensino italiano de Dzogchen, que pode ser traduzido grosso modo por "Grande Perfeição" ou "Grande Completude", aonde vislumbramos os mesmos problemas de quaisquer pronaoi ou capítulos da AMORC para se chegar a um consenso acerca de procedimentos operacionais.
Desolado, mas conformado, logo na sequencia, Choogyal Namkhai Norbu comenta que a convivencia humana é sempre dificil, e que provavelmente após sua morte seu movimento na Itália se dividirá em linhas diferentes, já que nem o Buda conseguiu evitar que após sua morte surgissem 18 escolas diferentes de Budismo. E que é assim que as coisas, entre seres humanos, são.
Centro de Estudos de Budismo Dogzchen na Toscana, Itália
Assinar:
Postagens (Atom)