Multi pertransibunt et augebitur scientia (Muitos passarão, e o conhecimento aumentará).

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

MATÉRIA ESCURA


por Mario Sales, FRC.:, Gr.:18 - C.:R.:+C.:, S.:I.:(membro do CFD) 




Rosacruzes são pessoas comuns, como todas as outras. Como tal, tem suas limitações, idiossincrasias, seus hábitos mentais, até mesmo suas superstições.
Tenho por hábito ver meus irmãos como pessoas intelectualmente diferenciadas, não por serem necessariamente portadoras de títulos acadêmicos.
Já conheci muitas pessoas estúpidas, egoístas e insensíveis que tinham muitos títulos, idiotas técnicos com alto grau de especialização.
O que faz de um homem ou mulher rosacruz realmente especial não é a quantidade de cursos ou de títulos que possui, mas sua sensibilidade, sua bondade e sua capacidade de empatia com o drama alheio.
Rosacruzes são, ou deveriam ser, pessoas sensíveis, humanas, no sentido de serem capazes de identificar-se com outros seres humanos naquilo que tem em comum: a própria natureza humana, fragilidade e força de todos os membros de nossa espécie.
Nem mais , nem menos que nenhum outro ser humano na face da terra. E exatamente por isso poderosos, poderosos e destemidos por saberem de suas limitações e capacidades, não por acharem que sabem mais ou melhor alguma coisa que alguém, mas por conhecerem melhor a si mesmos, como seres humanos e rosacruzes sensíveis que são.
Só estamos felizes e serenos se nos conhecemos bem, se estamos livres de ilusões acerca de nós mesmos, se não nos achamos melhores ou piores que ninguém.
Isto, no entanto, é na verdade, um conhecimento esotérico, tanto na vida profana quanto na iniciática.
Eu acredito nos rosacruzes, estas milhares de pessoas anônimas espalhadas pelo nosso país, Portugal e África, fora os que são de outros línguas.
São pessoas de boa índole, não são arrogantes, bom, nem todos, mas pelo menos quando são arrogantes na certeza de que tem um conhecimento melhor do que os que não são iniciados, não colocam em risco a vida ou a dignidade dos seus desafetos.
Para alguns rosacruzes, graças a Deus, falta poder material. Podem ter um poder burocrático temporário, mas mesmo isto não tem importância de modo geral; são senhores indiscutíveis de suas salas e de seus escritórios, mas autoridade, a verdadeira autoridade mística, é mais do que isso.
A grande maioria dos estudantes da rosacruz, entretanto, graças aos Mestres, é de pessoas comuns, como eu disse de excelente índole, em busca de mais luz em suas vidas, de mais clareza de mente.




Dito isso, me digam pelo amor de Deus, qual a razão pela qual rosacruzes, homens e mulheres dignos, estudantes e iniciados, não conseguem assinar o seu nome em um comentário para este blog, denominando-se "um frater", ou "anônimo"?
O que impede pessoas honestas, provavelmente dignas, rosacruzes e/ou martinistas, de escrever seu próprio nome embaixo de suas palavras?
De onde vem esse receio de revelar-se, de assumir-se, de mostrar sua face em ambiente afim, em princípio?
Meus ensaios são públicos, minhas discussões e posições conhecidas, minhas ideias são compartilhadas e tudo que escrevo é assinado e por estes textos assumo a responsabilidade possível de se assumir.
Certas vêzes, entretanto, recebo comentários, até interessantes, mas que vem de forma anônima, ou porque as pessoas não desejam um diálogo franco e maduro, mas apenas uma provocação infantil, e por isso se escondem nas sombras, ou porque não se sentem a vontade para discutir coisa alguma.
Possuem segurança intelectual, mas não emocional.
E isto me preocupa, porque são meus irmãos. E isto é sinal de fragilidade emocional.
Se Comenius se preocupava com a saúde intelectual de nossos irmãos, hoje, acredito que seja hora de nos preocuparmos com a sua saúde emocional.
É possível que esta seja a nova fronteira a qual todos nós místicos devamos nos dedicar, o equilíbrio psicológico.
É preciso superar o medo, o medo de expressar sentimentos e idéias em nome de uma falsa discrição que às vêzes é apenas medo, não prudência.
E o medo é uma matéria escura, que nos corrói, que corrói nossa irmandade, que corrói nossos valores.
É preciso recuperar o ambiente que, acredito, já tivemos um dia, a não ser que esteja errado em meu julgamento, e gostaria que me dissessem se estou sendo ingênuo.
Se estiver errado em minha avaliação, o Medo entre rosacruzes de expressar pensamentos pessoais e posições que identifiquei é um fenômeno isolado, de alguns, mas não de todos, e na verdade eu estaria generalizando de modo impreciso uma situação individual.
Meu temor é de que eu esteja certo, de que estejamos nos transformando numa Ordem de pessoas inseguras, fantasiosas, incapazes de, como disse antes, assinar um simples comentário, mesmo que seja um comentário interessante, em um blog de menor importância como o meu.
O Olho que Tudo Vê egípcio não deve ser confundido com as televisões que vigiam as pessoas no livro de George Orwel, "1984".
Ou somos capazes de melhorar como pessoas dentro da rosacruz, ou pelo menos devemos ser capazes de não trazer para dentro dela nossos receios e embaraços do mundo profano, pois esta é uma fraternidade, e mesmo sabendo que estamos entre seres humanos e que sempre é bom termos prudência, no falar e no agir, não devemos, nunca, confundir prudência com covardia.
O medo é o pior dos inimigos, é a matéria escura que aos poucos tudo obstrui, tudo veda, inclusive nossa visão mística.
Lancemos Luz sobre este problema.
Só a Luz pode espantar a escuridão.

4 comentários:

  1. Estimado Irmão, acertou na mosca quando escreveu:
    "O que faz de um homem ou mulher rosacruz realmente especial não é a quantidade de cursos ou de títulos que possui, mas sua sensibilidade, sua bondade e sua capacidade de empatia com o drama alheio."
    Então, não necessito usar um nome pessoal e apor a ele frc, si, mm, etc; como fazem alguns que querem ser reconhecidos pelo seu nome e títulos e não por suas ideias.
    O foco é a ideia e a mensagem transmitida e não o transmissor. Porém, sois livres para pensam o que quiser e como quiser...

    Outro ponto digno de nota é que usa o termo rosacruzes de forma geral denotando tanto os que iniciam a jornada como aqueles que já alcançaram a maestria e vem aqui para ensinar. Ser mestre não é ter poderes fantásticos ou realizar "milagres". É poder auxiliar o próximo e com seu exemplo mostrar o caminho da verdadeira espiritualidade. Inclusive quão mais adiantado no caminho, menos poderes usa e menos interfere nos eventos a sua volta de forma "pessoal".
    Algumas obras de ficção nos ensinam nas entrelinhas se soubermos aproveitar sua leitura.
    Em determinado trecho d'O Mago de Terramar Gavião ainda jovem observa perplexo o Arquimago que é o chefe da escola de magos e o que tem mais poderes de todos e afirma desalentado ao ver que não usa seus poderes mágicos: "de que adianta ter tantos poderes se você é sábio demais para usá-los?"
    Esta é a reflexo que deixo. Onde houver mais sabedoria, menos uso de poderes haverá...

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  2. Prezado Irmão,

    Sobre assinar o nome, acredito que a maioria (me incluo) possui certo "medo" em expor sua opinião, seja por falta de bagagem, por medo de falar besteira, por medo de represália ou por medo de tomar uma advertência da GLP (essa última sempre me preocupa).

    Sobre questionar: Acredito que as ordens esotéricas com o passar do tempo evoluíram tanto o seu sistema de estudo e informação, que dá a entender que não é mais necessário questionar. Vejo irmãos e irmãs estudando com afinco lotes e lotes de monografias, mas quando questionados, simplesmente aceitam aquilo como verdade ou não buscam por fora outros assuntos sobre o tema.
    Ainda, já fui advertido por outros frateres por questionar pontos que não eram do meu grau (pior resposta que um rosacruz pode dar a outro rosacruz sincero e buscador), já fui advertido por questionar sobre o tema AMORC x Gary e por fim já fui advertido por questionar demais sobre as alterações nas monografias (sistema antigo x novo) tanto da AMORC quanto da TOM.

    Sobre pesquisar: Acredito que a grande maioria das pessoas não pesquisa sobre o que estuda, não leem os livros da própria ordem, não faz anotações sobre os mesmos.

    Tenho lido constantemente seu blog, mas prefiro não comentar muito, pois nesses apenas dois anos de Ordem já tomei muita bordoada. No entanto, as pessoas se esquecem que hoje todos temos autonomia e acesso a informação. Estudei muito Esoterismo e Ocultismo durante três anos antes de entrar na AMORC. Já são cinco anos de estudo... não sou mais um novato no assunto. Porém, quando vou conversar com um Frater que está a 9 ou 10 anos na Ordem recebo um tratamento diferenciado por ter só 2 anos de ordem.

    Shakespeare disse: Ser ou não ser, eis a questão. Mas em inglês, essa frase fica: To be or not to be. E todos sabemos que o verbo To Be é = ser ou estar.
    Portanto, a reflexão que deixo é: Somos rosacruzes ou estamos na rosacruz? Somos maçons ou estamos na maçonaria? Somos martinistas ou estamos na TOM?

    Enquanto não vivermos aquilo que estudamos, apenas estaremos dentro das colunas sendo profanos de aventais, enquanto isso há muitos pedreiros e rosacruzes na sociedade que nem ao menos sabem que essas ordens existem.

    Meus sinceros votos de paz profunda.

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  3. GOSTEI DO TEXTO, SOU POSTULANTE NA ORDEM E SEMPRE DOU UMA PASSADINHA NO "IMAGINARIO DO MÁRIO" .POSSO ESTAR ERRADO MAS PENSO QUE NO MEDO SE ESCONDE A VERDADE.GOSTO TAMBEM DO TERMO"ARTESÃO". DIFERENTE DO ARTISTA O ARTESÃO ALEM DE BELO É UTIL.SEJAMOS TODOS UTEIS.ABRAÇO GRANDE..... PAZ PROFUNDA

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  4. Obrigado pelo comentário Frater Enio. O comentário é a contrapartida do esforço de compartilhar deste blog. Rosacruzes gostam de conversar. Cariocas também. Como sou os dois, imagine só a vontade de bater papo. Grande abraço e bom crnaval.
    M

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